A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) informou que o Sistema Único de Saúde (SUS) vive o momento mais crítico desde o início da pandemia do novo coronavírus e registrou ocupação de mais de 80% dos leitos de UTI em pelo menos 17 capitais do país. De acordo com o boletim emitido pela Fiocruz, o Brasil tem uma média de 46 mil casos, valor mais elevado que o verificado em 2020, e média de 1.020 mortes por dia ao longo das primeiras semanas de fevereiro. Desde então, “nenhum estado apresentou tendência de queda no número de casos e óbitos”, diz o documento.
Na Bahia, 1.666 leitos estão com pacientes internados, o que representa uma taxa de ocupação geral de 74%. As vagas destinadas a adultos em atendimentos na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) chegam a 84% de ocupação. A taxa de ocupação dos leitos de UTI pediátrica é de 72%. Em Salvador, a taxa de ocupação geral é de 84%. A taxa de ocupação da UTI adulto é de 85% e a pediátrica 74%.
O Laboratório Central de Saúde Pública da Bahia (Lacen-BA) e a Vigilância Epidemiológica do estado da Bahia confirmaram que variantes do novo coronavírus, com origens diferentes já circulam no estado. A mesma linhagem do SARS-CoV-2 (Covid-19), presente em Manaus, a B.1.1.7, originalmente detectada no Reino Unido, e uma cepa peruana da SARS-CoV-2, C. 14, estão em circulação na Bahia. Duas dessas variantes são consideradas mais contagiosas e letais. A cepa peruana, no entanto, ainda é observada para confirmar se pode ser mais agressiva ou tem uma taxa maior de contágio.
Angelina de Oliveira, especialista em Saúde Pública e diretora da Padrão Enfermagem Salvador, alerta para os cuidados necessários para conter o contágio após o aumento expressivo de casos de Covid-19 na Bahia e a descoberta de diferentes variantes do vírus circulando no estado. “É preciso reforçar urgentemente as medidas de proteção e prevenção contra a Covid-19. Não aglomerar e evitar sempre retirar a máscara enquanto estiver na presença de outras pessoas, além do uso do álcool em gel, é uma das garantias para se evitar a contaminação pelo vírus.
Ainda de acordo com a especialista, a reclusão é uma medida necessária neste momento e a única forma eficiente para diminuir o número de contágio e mortes no Estado e no país. Angelina de Oliveira acredita que o aumento de casos graves esteja atrelado a disseminação das novas cepas. “Sabemos que há cepas circulando no estado que são mais transmissíveis e agressivas. É possível observar também que a faixa etária dos que sofrem com casos graves diminuiu: pessoas de 30, 40 e 50 anos estão nas UTIs”, pontuou.
Apesar das 129,5 mil doses da vacina de Oxford/AstraZeneca já estarem na Bahia, ainda não foi divulgado quando será feita distribuição e a quantidade reservada para os municípios. A subsecretária de Saúde da Bahia, Tereza Paim, afirmou que as doses serão distribuídas paro os Núcleos Regionais de Saúde, que faz o envio para os municípios. A previsão é que mais 79, 2 mil doses da vacina CoronaVac sejam disponibilizadas ainda no mês de março.
Para a especialista em saúde pública, a vacina deve ser prioridade na pandemia com a explosão e novos casos. “A importância da vacina deve ser uma questão central na crise tratada como prioridade neste momento em que o país atravessa, pois é único tratamento possível para a Covid-19”, diz Angelina de Oliveira.
Tribuna da Bahia