O governo da Bolívia anunciou que Cesare Battisti, preso neste sábado (12) em Santa Cruz de La Sierra, será entregue às autoridades italianas e pegará um avião diretamente para a Itália.
“Nas próximas horas, este cidadão italiano será entregue pela Interpol Bolívia a Interpol Itália para ser movido em um vôo enviado pelas autoridades italianas,” afirmou o ministro boliviano de Interior, Carlos Romero, em entrevista coletiva a jornalistas na sede da Interpol em Santa Cruz (leste).
A informação foi confirmada pelos europeus. Em uma mensagem no Facebook, o premiê italiano disse que Battisti chegará em Roma nas próximas horas, em um voo direto de Santa Cruz de La Sierra, onde ele foi preso no sábado.
O local de entrega será o aeroporto de Viruviru, em data ainda não divulgada, mas pode ser ainda neste domingo, de acordo com a agência de notícias France Press.
O advogado Igor Tamasauskas, que defende Battisti, diz que as informações sobre o envio do italiano para seu país estão desencontradas.
“As informações são desencontradas. Nós compreendemos que, regra geral, a expulsão ou deportação é realizada para o país da última procedência do estrangeiro”, disse.
“Diante disso, precisamos entender qual o expediente legal que eles vão usar para esse envio do Battisti para a Itália”, disse Tamasauskas.
Mais cedo, a defesa de Battisti havia se manifestado informando que havia impetrado um habeas corpus preventivo para caso ele viesse para o Brasil.
“Diante da notícia que Cesare Battisti irá retornar ao Brasil, os advogados de defesa impetraram um habeas corpus preventivo contra o ato do ministro Luiz Fux, visando evitar que Battisti seja extraditado para a Itália”, diz a nota.
“Com o fato de os ministros Dias Toffoli e Luiz Fux estarem impedidos, a defesa entende que o caso deva ser resolvido pelo ministro mais antigo, Marco Aurélio Mello, já que o decano Celso de Mello se declarou impedido”.
O premiê italiano agradeceu às autoridades bolivianas e ao presidente Jair Bolsonaro (PSL), com quem teria falado por telefone.
“Estamos satisfeitos com esse resultado que nosso país espera há muitos anos”, escreveu o premiê.
Segundo anunciou o ministro da Justiça italiano, Alfonso Bonafede, Battisti será encaminhado para um presídio nos arredores de Roma. Sua chegada é esperada para esta segunda-feira (14).
Pela manhã, o governo Bolsonaro avaliava que Battisti deveria retornar ao Brasil para depois ser extraditado para o território italiano. O governo chegou a convocar uma reunião de emergência com os ministros Sérgio Moro (Justiça), Ernesto Araújo (Relações Exteriores) e general Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional) .
A PRISÃO
Segundo o jornal italiano Corriere Della Sera, Battisti caminhava por uma rua de Santa Cruz de la Sierra quando foi abordado pela Interpol e por agentes bolivianos. Usava uma barba falsa e tinha com ele um documento de identidade com seu nome e data de nascimento.
Battisti estava sozinho no momento da captura, por volta das 17h de sábado (19h no Brasil). De acordo com o relato do jornal, ele não opôs resistência. Vestia calça e camisa azuis e usava óculos escuros. Levado a um carro de polícia, se manteve em silêncio.
Uma equipe especial da polícia italiana deslocou-se para a cidade boliviana pouco antes do Natal, após receber dicas de informantes.