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Onça-pintada que ficou presa em caverna na BA por 22 dias é devolvida à natureza após tratamento; VÍDEO

Uma onça-pintada que foi resgatada na região de Sento Sé, na caatinga do norte baiano, após ficar 22 dias presa em uma caverna, foi devolvida à natureza no final de junho. Ela foi encontrada com a saúde muito debilitada e ficou pouco mais de um mês em recuperação.

A onça-pintada é o maior felino das Américas e está seriamente ameaçada de extinção na caatinga.

O animal resgatado, que tem idade estimada de 10 anos, estava sob os cuidados da equipe do Programa Amigos da Onça, que trabalha para a conservação das onças pardas e da caatinga.

Segundo a bióloga Claudia Campos, coordenadora do Programa Amigos da Onça, Luísa, como o felino foi batizado, foi solta no Parque Nacional do Boqueirão da Onça, no município baiano de Sento Sé.

Conforme a bióloga, a soltura aconteceu após uma viagem longa, e, ao sair da caixa em que foi levada, a onça parecia assustada, mas logo se animou ao perceber que estava novamente livre, deu um rugido, e adentrou a mata.

“Ela dá um rugido para espantar qualquer coisa que poderia machucá-la. Assim ela se sentiu segura e foi embora”, explicou Claudia.

Luísa está na terceira idade dos felinos, já que a estimativa de vida deles é de 15 anos. Ao ser resgatada, no dia 3 de maio, a onça, que tem 58 centímetros de altura e um metro de comprimento de corpo, estava muito debilitada, desidratada, e desnutrida, com apenas 35 kg.

Após o tratamento, a felina voltou ao habitat natural com 46 kg. Ela recebeu um colar de monitoramento e é acompanhada pelos integrantes do projeto, via satélite.

Resgate em caverna

A onça Luísa foi presa em uma caverna no Parque Boqueirão da Onça após capturar uma ovelha e levá-la para o local. Moradores da região seguiram o rastro de sangue da presa da felina e, acompanhados de cães, entraram na caverna, onde deram de cara com a onça.

A onça acabou caindo em uma dolina, que é uma abertura que se forma no solo quando o teto de uma caverna desaba. Para evitar que ela saísse, os moradores colocaram pedras sobre a abertura, e a onça ficou presa na caverna.

A equipe do projeto Amigo da Onça foi avisada e se preparou para o resgate, que durou três dias e contou até com rapel. A ação teve ajuda de bombeiros, veterinários, ajudantes de campo, biólogos e espeleólogo (especialista em cavernas).

Ao ser resgatada, a felina recebeu o nome de Luísa em homenagem à filha de uma integrante do programa. O animal foi levado para o Centro de Manejo e fauna da Caatinga (Cemafauna) da Universidade Federal do Vale de São Francisco (Univasf), onde recebeu tratamento até ser solto.

Onças na caatinga

Preocupada com a preservação da caatinga, o projeto Amigos da Onça desenvolve um programa de pesquisa com onças pardas e pintadas em um território que chega até a zona rural de Sento Sé.

O Boqueirão da onça tem uma área de mais de 850 mil hectares e inclui um parque nacional e uma área de proteção ambiental. Fica localizado entre os municípios de Sento Sé, Juazeiro, Sobradinho, Campo Formoso, Umburanas e Morro do Chapéu, no norte do estado.

É lá que vivem cerca de 200 onças pardas e apenas 30 onças-pintadas. Há dez anos, eram 50.

Uma das dificuldades na luta pela preservação das onças é chegar até elas. Por isso, os pesquisadores precisam dar um jeito de prendê-las, sem machucar os animais. Eles usam uma armadilha, que é semelhante a um laço, e é colocado no chão. Quando a onça pisa, acaba presa e pode ser analisada e entrar no sistema de monitoramento do programa.

Esse acompanhamento é feito por dois sistemas: um de rádio-frequência e outro via satélite. Eles ficam instalados numa coleira que é colocada nas onças. Pelo computador, dá pra saber por onde elas andam e como elas estão em tempo real.

Com todas essas informações, é que os pesquisadores do programa estão desenvolvendo também um estudo pioneiro pra saber o impacto das intervenções do ser humano nas onças que vivem bioma caatinga, a exemplo da instalação de parques eólicos em Sento Sé e região. A ideia é garantir o equilíbrio entre o desenvolvimento e a preservação ambiental. A conscientização do homem também é fundamental para a preservação da fauna e da flora da caatinga.

“O conjunto vai permitir, por exemplo, saber se ela [onça] passou por locais que tenham água, onde ela ficou mais, se ela se aproximou das comunidades, onde moram as pessoas, ou, por exemplo, de alguns locais onde existem animais domésticos”, explica a bióloga Claudia Campos, coordenadora do Amigos da Onça.

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