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Parque eólico está abandonado em Casa Nova; mais de 25% da zona rural não tem energia

Na zona rural de Casa Nova, 30 torres instaladas em meio ao sertão baiano giram com a força dos ventos, mas não geram, sequer, um  kilowatt de energia elétrica. Os equipamentos, que integram o que era pra ser o primeiro parque eólico da Companhia Hidro Elétrica do São Francisco (Chesf) no país, o Casa Nova I, seguem inativas nove anos depois do leilão no qual a estatal arrematou o lote. A energia que seria gerada pelas torres seguiria para o Sistema Interligado Nacional.

 

Em publicação veiculada neste domingo (27), o jornal Folha de São Paulo divulgou que no local em que o parque está “instalado”, não há nada mais que uma cerca de arame para proteger o complexo, que, ao todo, já recebeu R$ 400 milhões em investimento.

 

Inicialmente, a ideia era que fossem erguidos três parques eólicos com capacidade instalada de 180, 28 e 26 megawatts cada. O parque Casa Nova I, o maior deles, teve autorização concedida em 2010. A meta era que ele fosse concluído em 2013.

 

A construção foi prejudicada pela crise na empresa argentina contratada pela Chesf para o fornecimento e a montagem dos aerogeradores, a Impsa, que entrou em um processo de recuperação judicial em 2011. 120 torres estavam previstas, mas só 30 estão de pé.

 

Os funcionários da construção foram dispensados pela Chesf. Paralisadas, as obras têm sido alvo de furtos, e equipamentos foram danificados por falta de manutenção.

 

Os outros parques planejados, Casa Nova II e Casa Nova III já foram inaugurados em março do ano passado e estão operando normalmente, com um potencial para fornecer energia para 57 mil residências.

 

Procurada pela Folha, a estatal afirmou que, desde a paralisação de 2014, tem buscado alternativas para solucionar o imbrólogo. “Além das dificuldades jurídicas, havia todo um contexto técnico, devido à especificidade das tecnologias utilizadas por cada fabricante do setor, o que dificultava a retomada das obras em campo”, afirmou a Chesf, que também informou que a conclusão será feita de forma gradativa.

 

A empresa disse que decidiu fazer uma subdivisão em sete parques eólicos, ao invés dos três planejados. Eles teriam, em média, 30% de execução física e estariam em diferentes estágios de instalação.

 

Foi informado ainda, pela estatal, que o registo de ocorrência pelo furto de equipamentos foi feito na delegacia e que os materiais e componentes para os parques já foram fabricados, inspecionados e estão vindo para o Brasil. Os trabalhos em campo devem começar em 2020, com previsão de conclusão em outubro.

OPOSIÇÕES
Com ares de monumento à ineficiência, o imbróglio é usado pela ala do governo Bolsonaro ligada ao ministro da Economia Paulo Guedes, que defende a privatização da Eletrobrás e suas subsidiárias – o que inclui a Chesf.

 

Em Casa Nova, a comunidade vê a obra como um retrato do desperdício de recursos públicos. Apenas 74,4% das casas da zona rural do município possuem energia elétrica.

 

A reportagem expõe a realidade de um casal de dois lavradores que moram próximos às torres eólicas abandonadas, Maria Maria Francisca de Jesus, 49, e Adeilson Soares de Sá, 40. Sem ligação com a rede de energia elétrica, os dois usam uma bateria automotiva para ter iluminação nos cômodos da casa de tijolos aparentes. “Se não fosse essa bateria, a gente estaria completamente no escuro”, diz Maria Francisca.

 

A distribuição de energia na casa de Maria e Adeilson é de responsabilidade da Compainha de Eletricidade do Estado da Bahia (Coelba), que afirmou ter o ano de 2021 como meta para a universalização do abastecimento da zona rural de Casa Nova, seguindo regulamentação da Aneel (Agência Nacional de Energia Nacional de Energia Elétrica).

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