O percentual de detentos do sistema prisional da Bahia, infectados pela Covid-19, é maior que o de servidores penais. O monitoramento aponta que 2.131 testes de Covid-19 foram realizados entre servidores dos presídios baianos, enquanto apenas 165 foram realizados entre detentos: um número quase 13 vezes menor, se comparado à testagem entre agentes.
Os dados analisados pelo G1 são relacionados à quantidade de testes feitos entre encarcerados e trabalhadores das penitenciárias. O levantamento divulgado pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) foi feito pelos Grupos de Monitoramento e Fiscalização do Sistema Carcerário e do Sistema de Execução de Medidas Socioeducativas (GMFs) de Tribunais de Justiça.
A incidência maior na testagem pode ser explicada pelo fato de que os servidores têm mais convívio com pessoas fora dos presídios, enquanto os detidos estão em um ambiente controlado. O G1 entrou em contato com a Secretaria de Administração Penitenciária e Ressocialização da Bahia (Seap) para saber como o monitoramento é feito entre os servidores, mas não obteve resposta.
As visitações nas unidades prisionais baianas estão suspensas desde março, quando o estado registrou os primeiros casos de coronavírus, e não têm previsão de serem retomadas por causa dos riscos de contaminação. Por causa disso, familiares de detentos fizeram um protesto em frente ao Complexo Penitenciário da Mata Escura, em Salvador, na quarta-feira (29).
A premissa de que o índice de resultados positivos está diretamente relacionada ao volume de testes não se aplica à situação, se a análise for feita, por exemplo, em comparação com os estados de São Paulo e Sergipe, que ocupam o primeiro e último lugar no ranking de testagem entre presos, respectivamente.
De acordo com o levantamento, o estado paulista fez o teste em 5.970 detentos, sendo que 350 deles deram positivo para a Covid-19: 5,8% do total de testados – um percentual bem abaixo que o da Bahia.
Enquanto isso, o estado sergipano, que testou apenas 37 presos, recebeu diagnóstico positivo para coronavírus de 14 deles, representando 37,8% – um percentual bem acima que o baiano, apesar da menor quantidade de testes feitos.
As mostras divulgadas pelo CNJ e analisadas pelo G1 são as mais recentes e correspondem a dados coletados até o dia 15 de julho. É possível que os números tenham sido atualizados até a data de publicação desta reportagem, no entanto, eles ainda não foram divulgados. O G1 solicitou dados atualizados à Seap, mas também não obteve retorno.
G1