Aos aliados mais próximos, o senador Otto Alencar (PSD) reclama abertamente da conta salgada que terá de pagar pela barbeiragem política da cúpula petista com o PP. Até então, Otto havia conseguido escapar sem arranhões do primeiro desacerto na montagem da chapa patrocinada pelo Palácio de Ondina, quando o senador Jaques Wagner (PT) desistiu de concorrer ao governo, diante da decisão de Rui Costa de renunciar para disputar o Senado e entregar o cargo ao vice, João Leão (PP). No arranjo, Otto assumiria o lugar de Wagner, mas preferiu tentar a reeleição. Só não esperava que a quebra do acordo de Wagner com Leão respingasse sobre ele.
Galinha pulando
“Otto tinha pista limpa para se reeleger. Contava com apoio total dos partidos da base, incluindo o PP, e da máquina do governo. Com Leão fora do bloco, ganha um problema que não contava, caso o vice entre na briga do Senado, seja só ou na oposição. É claro que não gostou de pagar pelo erro do PT”, confidenciou um integrante da tropa leal a Otto.
Presente e passado
Há motivos de sobra para a bronca do cardeal do PSD com o desarranjo na chapa governista e o possível duelo contra o vice-governador. Fora o recall semelhante, Leão também lidera uma sigla de expressão, com influência no jogo político nacional, bancadas numerosas no Congresso e na Assembleia Legislativa e mais de cem prefeitos no interior baiano. Para completar, o favoritismo do ex-prefeito ACM Neto (União Brasil) na sucessão de Rui Costa, ampliada após a crise na base, e a eventual dobradinha com Leão fortalecem um tabu que já dura 60 anos. A última vez que a Bahia teve governador e senador eleitos por grupos rivais foi em 1962. À época, Lomanto Júnior venceu o governo e Josaphat Marinho, apoiado pelo então candidato oposicionista Waldir Pires, conquistou o Senado.
Bico fechado
Embora considerem bastante altas as chances de aliança entre Leão e Neto, articuladores da oposição que participam das tratativas com o PP decidiram manter o desenrolar das conversas longe da imprensa, sem quaisquer comentários sobre acertos em curso, mesmo de forma reservada. Só quebrarão o silêncio quando as negociações em torno do acordo forem concluídas.
Reunidos na tarde de ontem para discutir os rumos do PP na Bahia, parlamentares e dirigentes da legenda defenderam o ingresso em massa no palanque do União Brasil como caminho ideal. Contudo, querem garantias de que serão recompensados.
Ira de xerifes
Em meio ao tsnunami que bagunçou os planos do PT no xadrez eleitoral, a decisão dos delegados da Polícia Civil de entregar os cargos no próximo dia 25, em protesto contra perdas salariais, é tudo que Rui Costa menos precisa agora. A categoria descarta qualquer recuo no levante, mas sinaliza a possibilidade de trégua se o governador dialogar pessoalmente com representantes dos delegados. Do contrário, nada feito.
Os jogos devem ser tratados como atividade econômica que pode gerar empregos, receita para programas sociais e coibir os efeitos do vício, não como pauta de costumes
Angelo Coronel, senador do PSD e defensor da legalização dos jogos de azarFonte: Correio da Bahia