Sem obrigatoriedade, o uso de máscaras de proteção voltou a ser uma recomendação para os alunos de todas as escolas privadas baianas, ontem, após os casos de Covid-19 na Bahia começarem a aumentar. O crescimento do número de infecções não foi expressivo – as secretarias de saúde do Município e do Estado, inclusive, ratificaram que não há motivo para pânico –, mas o Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino do Estado da Bahia (Sinepe/Ba) orientou as escolas a adotarem a recomendação como medida preventiva.
“E é apenas isso, uma medida preventiva. O Sinepe orientou que as escolas voltassem a recomendar tanto o uso de máscaras, quanto a higienização das mãos. Um cuidado que muitas continuam adotando e que, entendemos, toda a população deva tomar. Além disso, vale lembrar que dentro de uma semana haverá um recesso escolar, muitas famílias viajam para lugares diferentes e isso é mais um motivo para que as escolas reforcem a importância desses cuidados, pois desejam receber as crianças alegres e saudáveis, com saúde física e emocional”, explica o diretor do Sinepe/Ba, Jorge Tadeu Pinheiro Coelho.
A estudante do 1º ano do ensino médio no Colégio Anchieta, Lorena Brasil, 15 anos, assim como muitos alunos da instituição, permanecem sem fazer o uso do equipamento de segurança, mas a adolescente já está cogitando voltar a pôr a máscara no rosto.
Sem obrigação
“Porém, acho meio difícil que a maioria da população volte a usar depois que, finalmente, elas deixaram de ser obrigatórias. Muita gente se vacinou e está no clima de ‘a pandemia já acabou’ e muitos relaxaram depois que tomaram a 2ª e 3ª doses. Então, vai ser complicado fazer com que as pessoas sigam uma recomendação e não uma obrigação”, afirma a aluna.
Já a estudante Maria Paula Leão, 17 anos, questiona. “O que é que custa usar a máscara um pouco mais?”. Aluna do 3º ano do ensino médio do Colégio Anchieta, a jovem continua usando a máscara e conta que concorda com a recomendação para que os alunos voltem a usar o equipamento.
“Acredito, inclusive, que deveriam voltar a obrigatoriedade de uso, mas sendo apenas uma recomendação, acho que vai mais pelo senso de cada pessoa continuar usando ou não”, pondera.
Conscientização
Não só o Anchieta, mas diversas outras escolas privadas como o Miró, Oficina, Vitória Régia e tantas outras da rede privada têm começado a informar as famílias e alunos sobre a recomendação do Sinepe, sempre salientando o caráter preventivo da orientação.
“Estamos sendo precavidos. Não podemos impor o uso, até porque não existe nenhum decreto dos governos que respalde isso, mas temos esse poder do conselho, certo? Por isso estamos explicando aos pais que, no momento, é favorável para o nosso convívio coletivo manter o uso de máscaras. E os pais estão recebendo muito bem esse conselho e seguindo as recomendações”, afirma a diretora pedagógica do Colégio Miró, Maria Clara Coelho.
O principal a se levar em conta ao decidir acatar essas recomendações ou não, é que o Sars-Cov-19 é um vírus transmitido pelo ar, afirma a pesquisadora da Fundação Oswaldo Cruz na Bahia (Fiocruz Bahia), Theolis Costa Barbosa Bessa, que seu poder de transmissão aumentado quanto maior for o tempo em contato com a pessoas infectada.
Risco
“E em um ambiente fechado, com pouca troca de ar, isso vai ser potencializado. Atualmente, com a proximidade do inverno e com as pessoas já ficando mais tempo em ambientes fechados, as chances de infecção aumentam e consequentemente, aumenta a recomendação de uso dos equipamentos individuais de proteção nesses ambientes”, explica a especialista.
Atualmente nem a vacinação, nem o uso de máscaras é obrigatório, reitera a pesquisadora, mas é fortemente recomendado, pois são medidas eficazes para controlar a transmissão e diminuir a carga da doença.
“Então, o alerta que dou à população é sobre a importância de termos uma consciência clara dos riscos. Tivemos, felizmente, uma queda no número de mortes e retomamos as nossas atividades, mas é essencial ter em mente que o risco não deixou de existir, e que as medidas para se conseguir manter esse risco em baixa, são as conhecidas medidas que a gente adotou durante a pandemia”, aconselha a pesquisadora Theolis Costa Barbosa Bessa.