Artista, que morreu neste sábado, tinha lançado em seu primeiro álbum (1960) samba satírico que fazia graça com presidente Juscelino Kubitscheck. Ele também lançou músicas que haviam sido vetadas durante a ditadura militar.
Carioca criado na cidade de São Paulo (SP), Juca Chaves tinha sólida formação musical. Ele concluiu o estudo de regência musical erudita, tendo também aprendido harmonia, contraponto e fuga. Se a fala era musical, a música do artista era quase falada.
Ao morrer na noite deste sábado (26), aos 84 anos, Juca Chaves deixa obra musical indissociável da política do Brasil. Logo no primeiro álbum do artista, “As duas faces de Juca Chaves”, lançado em 1960, o samba satírico “Presidente Bossa Nova” fez graça com o modernista JK, apelido do presidente Juscelino Kubitscheck.
O Menestrel também lega modinhas românticas como “Por quem sonha Ana Maria?”, outro hit do álbum de estreia de Juca. Ainda assim, é pelos temas políticos que o compositor e humorista fica eternizado. Tanto que a discografia do artista ficou estancada a partir da edição do álbum “Sentir-se jovem”, em 1989, ano em que a democracia já estava restaurada no Brasil.
Juca Chaves uniu lirismo e humor mordaz na obra musical. Por tanta ironia, o artista sofreu perseguição da censura federal no período da ditadura. Proibições de músicas nunca desanimaram o Menestrel, que aproveitou os ventos da abertura de 1979 para lançar o disco “O pequeno notável”, com registros de músicas até então vetadas.
Irônico, o cantor lançou já em 1962 um álbum intitulado “As músicas proibidas de Juca Chaves”. Entre singles, EPs e álbuns, a discografia do artista compreende 46 títulos. Essa obra inclui registros ao vivo dos shows em que Juca Chaves fazia humor e música, alternando canções e piadas.