Cortes nobres de carne bovina, refrigerantes, sorvetes e salgadinhos foram alvo de licitações ao custo de mais de R$ 700 mil
O Tribunal de Contas da União (TCU) detectou que o Ministério da Defesa gastou de forma irregular recursos originalmente destinados ao combate da Covid-19 no país. Segundo informações da Corte, os militares teriam gastado mais de R$ 700 mil com cortes nobres de carne bovina, refrigerantes, sorvetes e salgadinhos. A reportagem acionou o Ministério da Defesa, mas ainda não obteve retorno. O espaço está aberto para manifestação.
Entre as irregularidades, estão a compra de 12 mil kg de filé-mignon e picanha, que resultou em R$ 447 mil, feita por duas organizações militares. O gasto representa 21% do total despendido por todas as unidades do Exército com carne bovina em geral, que foi de R$ 2 milhões adquiridos por 45 organizações militares.
Além disso, R$ 255 mil foram gastos com salgados típicos de coquetel, sorvetes e refrigerantes que, “em razão de seu baixo valor nutritivo e sua finalidade habitual, muito provavelmente não teriam sido utilizados para o reforço alimentar da tropa empregada na operação Covid-19”.
A conclusão do tribunal teve como análise as despesas executadas no valor de R$ 15 milhões pela Defesa, com repasse do Ministério da Saúde, a título de ressarcimento ao apoio logístico prestado durante ações de enfrentamento à pandemia, em 2020 e 2021. O país registrou 600 mil mortes pela doença, em 8 de outubro de 2021. Na última terça-feira (28), o Brasil chegou à marca de 700 mil óbitos.Jovens incorporados às Forças Armadas, após o serviço militar obrigatório. Reprodução / Ministério da Defesa REPRODUÇÃO / MINISTÉRIO DA DEFESA
“Nesse sentido, entende-se que violou tais princípios a utilização de recursos tão caros à sociedade, oriundos de endividamentos da União que agravaram ainda mais a crise econômica e social vivenciada pelo Brasil, para a aquisição de artigos de luxo, quando disponíveis alternativas mais baratas e que igualmente cumpriam a finalidade pretendida”, argumenta o TCU.
A Corte afirma que, de 135 organizações militares realizadoras de gastos desse tipo, apenas uma delas era da área de saúde. “Esperava-se que organizações do gênero fossem as mais beneficiadas com aquisições de gêneros alimentícios, pois foram as mais envolvidas nas ações de enfrentamento à pandemia”, diz.
Segundo o TCU, cerca de 50% das despesas beneficiaram organizações que não possuem tropa e que, por essa condição, não são habitualmente empregadas em ações de campo. “O que, se confirmado, afastaria o argumento de maior gasto calórico por desgaste físico em operações militares para justificar as aquisições dos gêneros alimentícios questionados”, completa.
R7