Familiares de Isaías Batista de Lima contaram que médica disse que paciente tinha apenas sintomas de virose.
A família de um jovem de 20 anos acusa os funcionários da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do Jardim Santos Inácio, em Salvador, de negligência médica. Isaías Batista de Lima chegou no local passando mal, foi liberado após atendimento e morreu horas depois.
De acordo com a irmã de Isaías, Marileide de Lima, o caso aconteceu no domingo (7). O jovem passou mal durante a madrugada e foi levado para a UPA nas primeiras horas do dia.
“Ele não falava coisa com coisa e estava desfalecendo. Disseram que todos os sinais estavam ótimos e ele estava bem pálido, tendo ânsia de vômito e pedindo muita água”, relembrou Marileide de Lima.
A irmã do jovem contou que o paciente perdeu 10 kg nos últimos oito dias de vida. Ele reclamava que estava com mais sede do que o habitual e ingeriu bastante água durante a semana.
Os familiares também reclamaram que o jovem foi atendido depois de cerca de uma hora e meia. A família não entende o motivo, já que segundo eles, a UPA não registrava grande movimento de pacientes.
Quando atendido, a médica que o recebeu afirmou que todos os sinais do jovem estavam bons. Receitou uma medicação e depois o liberou.
“Disse a mim que era uma virose, que umas 15 pessoas que tiveram lá naquele dia estavam assim, mas ela ia passar um medicamento”, afirmou Marileide de Lima.
Após a preparação da medicação, que durou cerca de 40 minutos, o jovem teria dado uma “reagida”, mas saiu da UPA “arrastado” pelos amigos.
“Ela disse que todos sinais estavam ótimos. A pressão cardíaca e respiração não tinham problema e me mandou embora, dizendo que era virose”, afirmou a irmã do jovem.
Marileide de Lima contou que a médica afirmou que os sintomas eram de virose e que ele teria sono por causa da medicação.
Quando chegou em casa, no bairro do Jardim Santo Inácio, Isaías de Lima voltou a reclamar. Ele contou para a irmã que estava com a barriga inchada e pedia muita água.
A família resolveu levá-lo ao Hospital do Subúrbio. Na unidade, Isaías de Lima teria chegado pálido e com a pressão de seis por cinco.
“Ele falava: ‘Minha irmã, eu tô morrendo’. A médica perguntou se mediram a glicemia dele e eu falei que tinham me dito que estava tudo ótimo”.
A mãe de Isaías de Lima, Marizete Batista de Lima, tem diabetes. Por isso, o jovem fez exames de precaução há cerca de 30 dias, mas o resultado não tinha sido divulgado.
“A gente não sabia que ele tinha diabetes. Sempre fez exames e nunca tinha dado antes”, contou a irmã do jovem.
Isaías de Lima passou mal e morreu antes de ser internado no Hospital do Subúrbio. A família acredita que se tivessem medido a glicemia dele na UPA, o jovem teria tomado a insulina e sobrevivido.
“É normal perder 10 quilos em uma semana? Beber água toda hora e ficar pálido daquele jeito? Se tivessem feito o exame iam saber que ele estava com o açúcar alto”, afirmou.
“Fizeram pouco caso com meu irmão. Disseram que todos os sinais estavam bem, mas não fizeram o de glicemia”, completou a irmã de Isaías de Lima.
O que diz a SMS
m nota, a Secretaria Municipal da Saúde (SMS) de Salvador informou que lamenta profundamente a morte de Isaías Batista de Lima e presta toda solidariedade aos familiares.
A pasta afirmou que as informações iniciais são de que Isaías de Lima deu entrada na UPA no período da manhã e após relato do quadro e sintomas, descrito pelo próprio paciente, passou pela classificação de risco, foi acolhido pelo médico, fez exames, foi medicado e, com a “boa evolução do quadro”, foi liberado.
A SMS informou ainda que o prontuário do paciente é de sigilo médico, mas destacou que apura junto a prestadora de serviço da unidade de saúde e se colocou à disposição para quaisquer esclarecimentos junto aos órgãos competentes.
Por g1 BA