Por Vinicius Viana
Baiano tem arte, principalmente quando se trata de trends, que são conteúdos que ganham popularidade durante determinado período, nas redes sociais. Desta vez, uma vendedora de acarajé decidiu surfar na onda da “Barbiecore” ao tingir com a cor rosa-choque a massa do famoso quitute baiano. Um vídeo da criação do “Acarajé da Barbie” viralizou na web no início da semana, chamando atenção até mesmo da prefeitura de Salvador.
De acordo com Adriana Ferreira, figura famosa por vender o quitute na orla e no subúrbio da capital baiana, o acarajé com a massa na cor rosa-choque foi lançado a pedido dos próprios clientes, devido ao hype da estreia do filme Barbie, que será lançado amanhã (20), em todos os cinemas no Brasil.
“Recebemos um desafio de nossos queridos clientes de lançar o ‘Acarajé da Barbie, mas claro que nosso acarajé mantém a cor tradicional, acalmem os corações! Devido aos pedidos, estaremos até o dia 30 com lançamentos de Combos da Barbie!”, esclareceu Drika, como é conhecida a vendedora de acarajé.
A criação do “Acarajé da Barbie” impactou milhões de pessoas e dividiu opiniões dentro e fora das redes sociais. Houve quem aprovasse como uma bela jogada de marketing para alcançar mais pessoas. “Já vi hambúrguer rosa, sushi rosa, pizza rosa, cookie rosa, batata rosa, mas só o acarajé foi problematizado. Não vi nenhum americano, japonês, italiano reclamando sobre isso, é apenas algo criativo e divertido de divulgação para aproveitar o momento em que se fala muito da Barbie”, declarou uma internauta em apoio à vendedora.
Porém, teve quem achasse um “pecado” e repudiasse a criação do quitute na cor de rosa. “[Ela] deveria respeitar a tradição. O Acarajé é um Patrimônio Imaterial, não pode ser descaracterizado”, escreveu um internauta no perfil do Acarajé da Drika no Instagram.
Diante da polêmica, a Tribuna da Bahia conversou com a coordenadora da Associação Nacional das Baianas de Acarajé (ABAM), Rita Santos, sobre o assunto. Em entrevista, ela repudiou a criação do “Acarajé da Barbie”, afirmando que o Acarajé da Drika não valoriza o significado do quitute.
“Não podemos chamar a pessoa que fez o acarajé, que também não é um acarajé, é simplesmente um bolinho de feijão, de baiana. Nós temos dois termos: Baiana de acarajé, que são aquelas que preservam a cultura e os antepassados, e aquelas que são meramente vendedoras e não valorizam o nosso legado e o nosso patrimônio”, declarou demonstrando indignação.