Jiboia (Boa constrictor) — Foto: arnaud_aury / iNaturalist
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Biólogo flagra jiboia predando sabiá-laranjeira no quintal de casa em Lençóis, na Chapada Diamantina

Registro foi feito na manhã da última quinta-feira (5), no estado da Bahia. Especialista em cobras explica processo de predação e detalha hábitos do animal.

Por Giovanna Adelle, Terra da Gente

O biólogo e fotógrafo de aves Ciro Albano teve uma semana conturbada. Como escreveu em sua rede social, houve um ataque de um gavião-de-cauda-curta a passarinhos, um teiú enorme apareceu pela primeira vez e na quinta-feira (5), pela manhã, uma jiboia-constritora (Boa constrictor) predou uma fêmea de sabiá-laranjeira (Turdus rufiventris).

Tudo no quintal da casa de Ciro, que fica na cidade de Lençóis (BA), na Chapada Diamantina. Ele registrou o momento e o vídeo recebeu diversas interações nas redes sociais.

“Escutei a barulheira da sabiá mas achei que era mais uma briga entre eles, mas todos os outros passarinhos e, em especial as gralhas-cancã, não pararam de alarmar de forma desesperada. Daí fui olhar o que tava rolando e me deparei com essa cena”, relembrou em seu Instagram.

 

Após a constrição – processo de estrangulamento da presa -, o biólogo especialista em aves conta que pegou a cobra e a levou para uma mata próxima a sua casa. “Não queria ela viciada em comer os passarinhos aqui do quintal e na mata ela vai estar no seu real ambiente. Tem gente que ficaria apavorada com uma cobra em casa. Eu adorei a visita, mas cada um no seu espaço”, escreveu.

Para entender mais sobre predações como essa, o Terra da Gente conversou com a herpetóloga – bióloga especialista em répteis e anfíbios – e doutora em Biodiversidade Karina Banci, que atua no Laboratório de Ecologia e Evolução do Instituto Butantan há 13 anos.

Predação pela jiboia

 

Segundo ela, animais da família Viperidae caçam por espreita. “Isso significa que ela fica em rodilhadinha, camuflada ali no ambiente esperando que alguma presa se aproxime para ela fazer a captura. E essa escolha do local não é ao acaso. Elas usam pistas. Eventualmente cheiros ou alguma coisa assim para escolher locais onde ela saibam que essas presas passam ou visitam”, explica.

“Os sabiás se alimentam de frutinhas, né? Então, frequentemente eles visitam essas árvores frutíferas. O fato dessa jiboia estar na árvore, por exemplo já favorece o encontro com sabiá. Elas ficam ali, na espreita e quando essa ave vai atrás da fruta, ela consegue capturá-la”

De acordo com Karina, cobras como essa se valem dos órgãos dos sentidos para fazer a localização da presa e dar o bote de maneira assertiva. As jiboias, no caso, vão se valer muito da visão, do olfato e de órgãos termoreceptores. Com eles, as cobras conseguem sentir o calor de organismos que estão volta por meio de estruturas localizadas nas escamas da boca, chamadas de fosseta labial.

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