Ulan Galinski compete nos Jogos Olímpicos de Paris Jared C. Tilton
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Brasileiro do Mountain Bike é filho de francês dono de circo, cresceu na Chapada da Diamantina e é ‘cria’ de Avancini

Ulan Galinski foi único brasileiro que disputou o ciclismo mountain bike nas Olimpíadas de Paris. Apesar 21º lugar, o atleta de 26 anos realizou um sonho de sua família que já pensava nesse momento desde 2019.

“Era festa de aniversário da minha avó, de 90 anos, e eles me perguntaram se era possível. Naquela época, eu não acreditava muito porque não era nem um dos oito melhores atletas do país, mas eu falei que sim, se eu continuar evoluindo passo a passo, pode ser que sim.”, disse em entrevista exclusiva para a ESPN antes de embarcar para a França.

A participação nos Jogos parisienses tem um significado especial para Ulan porque essa sua avó é francesa, assim como seu pai, que foi um artista de circo e que acabou ficando no Brasil quando conheceu a mãe de Ulan na Bahia.

“É o ápice que um atleta pode chegar, é a competição mais importante do mundo. É algo que eu sonhei desde quando eu era criança e comecei a praticar esporte.”

Ulan cresceu no Vale do Capão, no interior da Bahia, e que faz parte da Chapada da Diamantina e conta de sua infância com um sorriso largo no rosto.

“Tive uma infância super feliz e livre, no meio do mato, tendo contato com a natureza, com vários esportes diferentes e com circo.”

Os pais de Ulan abriram a escola de circo do Capão, e o brasileiro fez diversas apresentações até os 14 anos. Depois, Ulan focou mais nos esportes, mas até hoje ainda admira as artes circenses. Ele, inclusive, fez um número de surpresa junto com seu amigo para o aniversário de seu pai, Jean Paul Galinski.

Infelizmente, o francês erradicado na Bahia não pôde acompanhar o filho nos Jogos Olímpicos de Paris porque está com esclerose múltipla unilateral, uma doença neurológica que compromete os movimentos do corpo, mas foi um dos principais responsáveis pelo sucesso de Ulan. “Não vou dizer que está mexendo comigo de forma positiva, mas eu diria que foi meu combustível para ter conquistado a vaga olímpica. Meu pai queria que eu me classificasse. Então, foi algo que me deu um combustível a mais.”

“Em todo os treinos, eu lembrava dele brigando para dar um pequeno passo para frente e eu brigava para conseguir abaixar 10 segundos do meu tempo na subida, ou aumentar 20 watts de potência no meu treino, ou abaixar um minuto na subida mais longa da cidade.”

O ciclista precisou trocar a Chapada da Diamantina por Petrópolis, no Rio de Janeiro, para treinar com a equipe Caloi Henrique Avancini Racing, do seu grande ídolo.

“É o maior nome do Brasil na história do Mountain Bike. Em 2014, eu fui assistir a uma competição e nem levava a sério ainda, e tirei uma foto com ele. Depois, em 2018, tive um bom resultado e ele me parabenizou. Fiquei super feliz só por ele me dado parabéns.”

Então, no final do ano seguinte, o ídolo Henrique Avancini acabou convidando o jovem fã Ulan Galisnki para se tornar parceiro de equipe.

“Na temporada de 2020, meu ídolo acabou se tornando meu chefe, depois disso, um amigo, um mentor, um parceiro de equipe e um rival, de certa forma, nesses últimos anos de carreira.”

Ulan contou como foi competir e tentar vencer o ídolo (e chefe), que foi seu rival mais difícil de superar.

“Quando eu era sub-23, tinha uma lista de todos os atletas da elite que queria ganhar, eu fui riscando um por um, mas eu não conseguia riscar o nome dele porque não conseguia ganhar dele.”

“Aí em 2023, consegui a minha primeira vitória em cima dele, e aí ele foi o último dessa lista que tinha de atletas top a nível nacional. Mas, de forma sempre muito saudável.”

O adversário mais difícil que Ulan enfrenta, atualmente, é a saudade da família, uma vez que teve que se mudar da Chapada da Diamantina para Petrópolis, no Rio de Janeiro para treinar. “Para mim foi muito difícil estar longe de casa nesse momento e não poder ajudar, não só meu pai, mas toda a família.”

Pelo menos na França, Ulan Galisnki vai poder matar um pouco da saudade dos familiares que moram no antigo continente.

Fonte: ESPN

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