O ICMBio afirmou que sabia da existência de dois terreiros na região e que o apontado como destruído era um imóvel que do lado de fora não parecia ser diferente dos outros imóveis.
Moradores do Sítio Curupati, em Lençóis, na Chapada Diamantina, prestaram queixa na delegacia da cidade de que servidores do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) destruíram, no último domingo (21), dez casas e um terreiro de Jarê.
O Jarê é uma prática religiosa de matriz africana que existe exclusivamente na região da Chapada Diamantina. O responsável pelo terreiro é o líder religioso Gilberto Tito de Araújo, conhecido como Damaré.
A comunidade alega que essa ação, feita pelo órgão federal, desrespeitou um espaço sagrado e que teve cunho racista. A delegacia de Lençóis abriu uma investigação para apurar o caso.
Damaré disse que o terreiro tinha sido construído em uma roça que pertencia ao pai dele e que essa terra está sob posse da família há mais de 45 anos, portanto antes da criação do Parque Nacional da Chapada Diamantina.
Polícia apura denúncia de ação do ICMBio que destruiu terreiro na Chapada Diamantina — Foto: Reprodução/TV Bahia
A prefeitura da cidade pediu uma reunião com o responsável pelo parque e garantiu que o município não foi notificado da ação.
A gestão do Parque Nacional da Chapada Diamantina disse que as ações de fiscalização tiveram o objetivo de coibir irregularidades ambientais dentro da unidade de conservação.
O órgão disse ainda que foram apreendidos três caminhões, armas de caça e fechadas duas serrarias envolvidas com extração de madeira dentro do Parque Nacional.
Segundo a gestão do parque, através de imagens de satélite, foram identificadas oito novas construções a partir de 2020. A equipe de fiscalização foi até o local e identificou que tinham 16 construções em andamento ou recém construídas.
A gestão disse que só foram demolidos imóveis em fase de construção ou aqueles finalizados, mas sem ocupação.
O ICMBio afirmou que sabia da existência de dois terreiros ali na região e que o que foi apontado como destruído era um imóvel recentemente construído e sem ocupantes, que do lado de fora não parecia ser diferente dos outros imóveis.
O ICMBio disse reconhecer os direitos das comunidades tradicionais residentes no Parque Nacional e que se houver a intenção de construção de novas residências ou imóveis com finalidades religiosas, elas podem ser autorizadas como já aconteceu em outras ocasiões.
Por g1 BA e TV Bahia