No pedido de prisão da desembargadora Ilona Marcia Reis, do Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA), o Ministério Público Federal apontou que ela aparentemente procurou se afastar do julgamento dos processos que podiam lhe incriminar, “numa postura de ocultar as engrenagens criminosas”. Ela foi alvo do mandado de prisão temporária nesta segunda-feira (14), em uma nova fase da Faroeste determinada pelo ministro Og Fernandes, do Superior Tribunal de Justiça (STJ).
De acordo com o processo, ela seria líder de um núcleo operado por dois advogados. Os investigadores apontaram postura de distanciamento dos processos que se tornaram alvos da investigação foi adotada numa Ação Controlada que buscava monitorar o recebimento de propina pela magistrada.
Segundo o órgão, relatos apontam que nos processos envolvendo os interesses de Altério Zanatta Poletto, houve um acordo para recebimento de propina em dois momentos distintos, com pagamento de R$ 200 mil em uma e R$ 500 mil em outra.
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Ilona teria recebido a primeira parcela em 13 de novembro de 2019, pouco antes da deflagração da fase ostensiva da Operação Faroeste. O segundo, que seria monitorado pela ação controlada, foi suspenso.
O caso veio à tona após delação premiada do advogado Júlio César Cavalcanti Ferreira, vinculado ao caso do falso cônsul da Guiné Biossau, Adailton Maturino.
Na decisão, Og fernandes afirmou que “o conjunto probatório colacionado aos autos revela a suposta existência de uma engrenagem judicial criminosa no seio do Tribunal de Justiça baiano, que possui a venda de decisões como mercadoria para o enriquecimento ilícito em escala geométrica”.
A defesa de Ilona não foi encontrada até a publicação da matéria para se manifestar.
A operação
A Polícia Federal cumpriu nesta manhã dois mandados de prisão temporária e um de prisão preventiva, além de 16 de busca e apreensão na Bahia. Entre os alvos estão desembargadores e servidores do Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA), membro e servidores do Ministério Público do Estado da Bahia (MP/BA), servidores da Secretaria de Segurança Pública do Estado da Bahia (SSP-BA) e advogados.
O secretário da Segurança Pública da Bahia, Maurício Barbosa, está entre os alvos da nova fase deflagrada da Operação Faroeste. Pela decisão do STJ, ele ficará afastado por um ano do cargo.
A chefe de gabinete da SSP-BA, delegada Gabriela Macedo, também foi afastada. Os dois são suspeitos de “blindagem institucional”.