Quem está à espera de um leito de UTI na Bahia vem amargando uma espera sem previsão de acabar. o estado vivencia uma situação delicada desde o início da pandemia do novo coronavírus, que já está perto de completar um ano. No último domingo (21), a ocupação das UTIs baianas atingiu a triste marca de 80%, permanecendo nesta faixa: dos 1193 disponíveis, 893 se encontram ocupados. É o resultado da escalada no número de casos de Covid-19, que se agravou com o período das festas de fim de ano e motivou o governo a implantar o toque de recolher em mais de trezentos municípios. Há aproximadamente duas mil pessoas esperando por um leito através da central de regulação em todo o estado. Deste contingente, 300 esperam por um leito exclusivo para o tratamento do novo coronavírus.
Em Salvador, que atualmente possui 83% de ocupação dos leitos de UTI, a regulação acontece através dos gripários, tendas montadas dentro das Unidades de Pronto Atendimento (UPA) para receber os pacientes que estão apresentando os primeiros sintomas de Covid-19. Na cidade, são cinco equipamentos do tipo, todos registrando filas de espera de mais de uma hora para o atendimento. Segundo informações do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU), o número de pessoas atendidas nos gripários passa por um aumento expressivo: se desde a sua criação, em maio de 2020, uma média de 300 pacientes era atendida, apenas no intervalo de dezembro para fevereiro esse índice subiu para 800. Os gripários são equipados com leitos de enfermaria e UTI, mas com o tempo médio de internação variando entre 15 e 30 dias, acabam sendo insuficientes para atender a demanda. No momento, 103 pacientes aguardam por vaga, sendo 60 para leito de UTI.
De acordo com o governador Rui Costa, praticamente todos os leitos dedicados à Covid-19 já foram reabertos, de modo que há um número de vagas similar ao primeiro pico da doença. Em pronunciamento nas redes sociais, o gestor estadual comentou sobre o cenário de ocupação e fez um alerta: “Continuamos abrindo novos leitos. Mas, nem esse aumento será suficiente para resolver a situação dramática que se aproxima. Sem colaboração (dos baianos), em pouco tempo faltarão leitos de UTI nas redes pública e privada”. Na Bahia, 31 hospitais já atingiram mais de 80% de ocupação. Na capital baiana, cinco hospitais que atendem o Sistema Único de Saúde (SUS) já esgotaram toda a sua capacidade nas UTIs: Hospital de Campanha Itaigara Memorial, Maternidade Prof. José Maria de Magalhães Neto, Hospital do Subúrbio e Hospital Municipal.
TribunaDaBahia