A participação feminina no mercado de trabalho caiu no segundo semestre de 2020. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontam que o índice foi de 46,3%, o menor abaixo de 50% desde 1991, quando ficou em 44,2%.
Além das incertezas propiciadas pelo cenário de pandemia que acomete toda a população, a mulher ainda precisa superar outras questões quando o assunto é ambiente de trabalho. Em meio a isso, elas estão em busca da liberdade de escolha que antes não tiveram, principalmente por culpa da sociedade e das próprias empresas, como afirma a gerente de Recursos Humanos do Instituto Nacional de Tecnologia e Saúde (INTS), Neyla Carvalho.
“Elas foram em busca de algo que elas acreditam. Não é só igualdade, pois a igualdade envolve outras coisas. Foram em busca dos sonhos, das conquistas que antes se resumiam em ser mãe. A realização de uma mulher não está em só ser mãe”, ressalta Neyla.
Formada em administração de empresas, ela atua na área de recursos humanos há 16 anos e trilhou a carreira em uma multinacional, onde cresceu até alcançar cargos de liderança. Atualmente no INTS, instituto voltado para o terceiro setor, comanda há quase dois anos o departamento que possui outras 10 mulheres. Para Neyla, a presença exclusiva feminina é comum da própria área, que é dominada pelo sexo feminino. “Posso garantir que em todos os processos seletivos que eu fiz no INTS, eu não tive homens participando”, lembra.
SORORIDADE
Membro do grupo feminino, a psicóloga Amanda Bahia começou a carreira como jovem aprendiz, aplicando testes psicológicos e análises. Hoje ela é analista de Recursos Humanos no INTS e diz se sentir representada pelo fato da entidade ter mulheres em cargos de liderança.
“Para mulheres ocuparem determinados espaços na sociedade, elas precisam depositar muito mais energia nesse movimento. A meritocracia é atrelada às relações que podem ter sido construídas neste espaço para que uma mulher tenha conseguido chegar à determinada posição. E o que mais me deixa desconfortável é que essa leitura, essa articulação vem de outras mulheres”, explica. “Por que uma outra mulher não acredita no potencial de alguém que esteja ocupando esse cargo de gestão?”, questiona Amanda.
Quanto à relação com os homens no âmbito profissional, a psicóloga ressalta que o sexo masculino deve ter o olhar de respeito e valorização que a mulher merece. “Não é uma disputa de quem é melhor, é igualdade de gênero de fato. É agregar que, o fato de uma mulher entrar em um período menstrual e ter questões hormonais envolvidas, o fato dela ter a capacidade de escolha de gerar uma vida, não torna ela frágil e nem menos merecedora de ganhos no ambiente corporativo”, enfatiza a analista.
Para que mulheres possam traçar um melhor caminho profissional, Neyla sugere que as mulheres definam exatamente quais as metas profissionais a alcançar e, em seguida, se dediquem a entregar o melhor trabalho.
BN