Pessoas ricas e escolarizadas no Brasil podem se proteger melhor durante a pandemia da Covid-19, revelam dados do mercado de trabalho de 2019. Por outro lado, pessoas com menor renda e pouca educação estão mais vulneráveis.
Estudos apontam que áreas pobres no país e bairros da periferia de São Paulo chegaram a ter três vezes mais mortes causadas pelo coronavírus do que em outras regiões.
Segundo dados da Pnad Covid-19 (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio) elaborados pela FGV Social, 28% dos membros da classe A/B (renda domiciliar superior a R$ 8.303) puderam alterar o local de trabalho durante a pandemia.
Na classe D/E (renda até R$ 1.926), apenas cerca de 7,5% tiveram essa opção. Na classe C (que ganhou destaque nos anos 2000 e tem renda entre R$ 1.926 e R$ 8.303), somente 10,3% fizeram isso.
Sem a opção do home office, hoje considerado um privilégio de poucos, 95% de funcionários de supermercados, vendedores e frentistas de postos continuaram trabalhando no mesmo local na pandemia. Entre as profissões mais intelectualizadas, 44% alteram o local de trabalho.
Em fevereiro, o estudo “Desigualdade Social e a mortalidade pela Covid-19 na cidade de São Paulo”, elaborado por quatro pesquisadoras com base em 19,5 mil óbitos, identificou que nos distritos em que mais de 10% da população tem renda per capita menor que R$ 275, morreram 70% mais pessoas de Covid-19 que nas regiões mais ricas.
De acordo com dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), 79,6% dos óbitos registrados na cidade do Rio de Janeiro ocorreram nas áreas mais pobres —tanto pela saúde deficiente nessas regiões quanto pelas condições socioeconômicas precárias dos infectados.