Com o objetivo de auxiliar donos de pequenos negócios na retomada econômica, o Sebrae Bahia assinou uma série de convênios de cooperação técnica com as principais entidades do setor produtivo no estado. Ao todo serão investidos R$ 7,285 milhões em iniciativas que vão de capacitação e qualificação profissional, a ações visando a abertura de mercado, aumento da competitividade e a interiorização do acesso a crédito. Agropecuária, serviços, comércio e indústria são as áreas contempladas.
Foram firmados acordos com a Federação das Indústrias do Estado da Bahia (Fieb), Federação de Agricultura e Pecuária do Estado da Bahia (Faeb), Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado da Bahia (Fecomércio) e Federação das Associações Comerciais da Bahia (Faceb). Vale destacar que 70% dos recursos empregados nos projetos são do Sebrae, e 30% das organizações empresariais.
O Sebrae também formou aliança com o governo do estado com o intuito de ampliar os serviços prestados pelo SAC Empresarial. A ideia é facilitar o atendimento a microempreendedores individuais (MEI) e pequenas empresas (MPE).
Dezoito municípios baianos serão contemplados com a instalação desses postos: Alagoinhas, Feira de Santana, Guanambi, Ilhéus, Irecê, Itabuna, Jacobina, Jequié, Juazeiro, Paulo Afonso, Porto Seguro, Santo Antônio de Jesus, Senhor do Bonfim, Teixeira de Freitas, Valença, Vitória da Conquista, Itapetinga e Itaberaba.
Presidente da Fecomércio na Bahia, Carlos de Souza Andrade destaca que mais de 97% dos negócios existentes no estado são tocados por micro ou pequenos empresários, confirmando a importância do empreendedorismo na geração de emprego e renda. Segundo ele, é fundamental todo o suporte ao setor.
“A demanda é muito grande. Os pequenos estão sofrendo demais, brigando por crédito. E tudo é uma incógnita, o dólar caindo, a bolsa subindo. Estamos dependendo do governo federal autorizar a liberação de 70,7 mil matrículas em cursos de aperfeiçoamento de mão de obra pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac). Também trabalhamos no desenvolvimento de um ecossistema de inovação empresarial no mundo digital, porque inovar requer atualização diária”, fala Andrade.
O Sebrae e a Fecomércio investem R$ 3 milhões em cinco projetos: “Universidade Varejo e Serviços”, “Desenvolvimento de Ecossistemas Locais de Inovação”, “Sindicato do Futuro” e “Desenvolvimento de Ações de Apoio às Startups e Fomento ao Ecossistema de Inovação Baiano”. “É preciso muita cautela. A pandemia chegou inesperadamente, e faltou um planejamento integrado de ações de combate à crise. Fechar comércio, porém, não resolve”, afirma.
Gerente da Unidade de Mercado, Projetos Especiais e Internacionalização no Sebrae Bahia, Vítor Lopes afirma que as iniciativas “convergem para um objetivo comum, que é levar conhecimento, capacitação e oportunidade para que os pequenos negócios retomem o caminho do crescimento”.
Lopes explica que com a Fieb foram acordadas duas frentes de atuação: uma voltada para o treinamento de colaboradores de pequenas indústrias, e outra que viabilize o ingresso dos negócios em mercados internacionais. As ações incluem ainda a realização de estudo para identificar os principais gargalos do setor.
Ainda segundo Lopes, a expectativa é atender cerca de mil indústrias, sendo 300 exportadoras e 700 com potencial exportador. Na área da construção civil, e mais especificamente nos segmentos de serraria, móveis e cerâmica, a previsão é atender 420 pequenos negócios, com ações de capacitação para melhoria da gestão.
Acesso ao crédito
“Os trabalhos buscam também desenvolver ações para a interiorização do acesso a crédito, que se tornou uma ferramenta importante para dar fôlego às micro e pequenas empresas no período de crise gerada pela pandemia. As ações buscam atingir empresas das cidades de Barreiras, Feira de Santana, Ilhéus, Jequié, Juazeiro, Salvador e Vitória da Conquista. O objetivo é aproximar agentes financeiros e empresários, fornecendo as orientações necessárias para o acesso a crédito”, diz.
Na agropecuária, a parceira com a Faeb integra ações do Sebrae e do Serviço de Aprendizagem Rural (Senar), que têm como objetivo melhorar a produtividade e a rentabilidade dos negócios no campo, por meio de capacitação do produtor. O pacote prevê difusão de tecnologias através da assistência técnica.
Produtora de manga no município de Casa Nova, região do Vale do São Francisco, Luciene de Brito fala que desde janeiro conta com o suporte de um técnico do Senar, que lhe ensinou, “por exemplo, como produzir um composto com 11 micro-organismos vivos para substituir o adubo, que subiu muito de preço na pandemia”, ela diz.
Situação parecida com a do médico veterinário e criador de gado leiteiro Adhemar Viana Junior, de Itapetinga (distante 576 km de Salvador). Segundo ele, a assistência abrange as áreas de produção, finanças, gestão de pessoal, estoque, custos, vendas, inovação e processos. Ultimamente, e como a ração animal (à base de milho e soja) quase que dobrou na pandemia, ele e o técnico do Senar trabalham no “desafio de fazer suplementação alimentar do rebanho a nível de pasto, porém mais em conta”.
Dados do Sebrae mostram que, em 2020, foram abertas 626.883 micro e pequenas empresas em todo o país.
Os setores mais buscados pelos empreendedores foram serviços combinados de escritório e apoio administrativo (20.398 negócios), comércio varejista de artigos do vestuário e acessórios (16.786) e restaurantes e similares (13.124).
Segundo o Ministério da Economia, no ano passado, o país registrou 2,6 milhões de MEIs, expansão de 8,4% em relação a 2019. O MEI representa hoje 56,7% das empresas em atividade no Brasil, e 79,3% das empresas abertas no ano passado.
A Tarde