Já imaginou o simpático e pequeno time do Ypiranga, o “mais querido” da Bahia, derrotar o estrelado, milionário e super campeão Real Madrid? Impossível, né? Pois foi mais ou menos isso que ocorreu em 1990, quando a TV Manchete surpreendeu o país ao derrotar a Globo em pleno horário nobre, concorrendo numa área em que a emissora criada por Roberto Marinho era soberana: as telenovelas.
O mais impressionante é que Pantanal, o fenômeno de audiência que levava uma natureza deslumbrante para as telas dos brasileiros, era uma criação de Benedito Ruy Barbosa, autor que pouco antes estava na Globo, mas decidiu se arriscar em outra emissora com aquele ousado projeto, que, ironicamente, a própria Globo havia rejeitado.
Jesuíta Barbosa é Jove, filho de Leôncio |
No elenco, estrelas da nova geração, como Jesuíta Barbosa, José Loreto, Bruna Linzmeyer e Renato Góes. Mas há também veteranos consagrados como Osmar Prado, Marcos Palmeira, Murilo Benício e Almir Sater, que esteve na primeira versão.
Bois Marruás
O centro da trama é a família de José Leôncio, agora vivido por Renato Góes e Marcos Palmeira, em fases diferentes. Na Manchete, o papel foi de Paulo Gorgulho e Cláudio Marzo (que se dividiu em três papéis no original, José Leôncio, Joventino e o Velho do Rio). Leôncio é filho de Joventino (Irandhir Santos) e sonha ser um peão de comitiva de qualidade excepcional, como foi seu pai, que ganhou fama por trazer os bois selvagens, os ditos marruás, no feitiço. Um dia, Joventino desaparece, sem deixar rastros e José Leôncio fica abandonado.
Madeleine rivaliza com a irmã Irma, vivida por Malu Rodrigues. Bruna Linzmeyer, em entrevista coletiva online realizada nesta segunda-feira com o elenco da novela, falou sobre a relação conturbada das duas: “É uma relação intensa e paradoxal. Ao mesmo tempo que se amam muito e têm muito uma à outra, é complexo porque tem inveja, raiva… Acho que a relação de irmãos tem intensidade, mas na novela essa intensidade esteja talvez um pouco maior”.
Renato Góes, o Leôncio da primeira fase, diz que se lembra do impacto da primeira versão, embora fosse uma criança de quatro anos quando a novela foi ao ar pela primeira vez. O ator diz que recentemente reviu trechos da novela para conhecer a interpretação de Paulo Gorgulho, que viveu o personagem de Renato há 32 anos: “Assisti agora a Paulo Gorgulho, pra pegar tudo de bom que ele fez. Nossa intenção é que o Benedito e aqueles atores se sintam homenageados. É claro que cada ator dá sua ‘cara’ aos personagens, mas a primeira obra foi de extrema importância como base para todos nós”.
Osmar Prado é o Velho do Rio, que representa um elo entre o mundo físico e o espiritual |
Um dos elementos mais marcantes de Pantanal, como lembra Renato, é a trilha sonora, que ele cantarola: “A abertura, com aquele ‘tã tã tã tã’ me marcava, ficava em minha cabeça”. De autoria de Marcus Viana, o tema está mantido na refilmagem, mas, segundo o diretor artístico Rogério Gomes, ainda está se decidindo se haverá uma nova versão ou se será regravada.
O Pantanal
O diretor Rogério Gomes reconhece que a paisagem do Pantanal, por sua exuberância, pode roubar as atenções na novela e até se sobressair à história. Mas ele reconhece que essa é uma tendência praticamente inevitável. “É muito difícil não deixar o Pantanal se sobressair porque ele para mim é o protagonista da história toda. Quando me chamaram, senti que tinha uma missão muito grande. Aquele lugar é imbatível, gigante, parece outro planeta, com uma energia muito forte”, opina.
Portanto, espectador, prepare-se para ver tomadas deslumbrantes e uma fotografia daquelas que você poucas vezes vê no cinema, que dirá na TV! E isso está muito claro, como mostram as chamadas da novela, veiculadas nos intervalos da Globo.
O figurino é outro item que merece destaque, como foi ressaltado ontem no encontro com a imprensa. A figurinista Marie Salles, que já trabalhou em novelas como Cordel Encantado e Amor de Mãe, diz que ficou encantada com a explosão de cores que encontrou ao chegar na região onde a novela é ambientada. “Enxerguei essa natureza, seu ciclo, o nascer do sol, o caminho que ele percorre ao longo do dia e as tantas cores que ele traz para essa natureza local. É algo diferenciado. As árvores, as flores, os ipês, fui pegando essas cores e colocando nos personagens. No Joventino (Irandhir Santos), por exemplo, quis usar o pôr do sol, com tons alaranjados; já Filó (Letícia Salles/ Dira Paes) tem cores das araras, dos ipês”, comenta Marie, animada com o resultado.