Quem tem gatos em casa, ou já viu algum vídeo deles na internet, deve saber que aquela velha história de eles são criaturas independentes que não precisam de muito contato ou interação social não é realmente verdade, e que muitos felinos podem ser extremamente ligados e carinhosos com seus donos.
E um estudo realizado por duas especialistas norte-americanas em comportamento animal, Monique Udell e Kristyn Vitale, pode ter finalmente comprovado o erro dessa ideia, estudando os felinos através de algo chamado Teoria do Apego, que foi desenvolvida pelo psiquiatra John Bowlby na década de 1970 para descrever os relacionamentos que crianças formam com seus tutores.
De acordo com o trabalho de Bowlby infantes com guardiões receptivos e afetuosos desenvolviam apegos seguros, ou seja, em situações estressantes, procuraram o conforto e apoio de seus cuidadores. Já aqueles que conviviam com indivíduos mais distantes e indiferentes criavam laços inseguros, agindo cheios de medos e incertezas.
A importância das ligações emocionais
Entre os animais, os macacos e os cães também apresentam esses tipos de apegos, e em 2019, Udell e Vitale decidiram testar se os gatos teriam um comportamento semelhante, realizando um estudo com 79 donos e seus bichanos.
O processo envolveu deixar as duplas dois minutos juntas em uma sala desconhecida e então fazer os humanos saírem por mais dois minutos, retornando depois para que as pesquisadoras pudessem avaliar as reações felinas.
Gatinhos mais jovens apresentaram a mesma reação que cachorros ou bebês, ficando angustiados ao se sentirem solitários, pedindo carinho e conforto quando seus cuidadores voltavam ao ambiente e então se sentindo seguros o bastante para voltar a explorar o local.
Apenas um terço dos peludinhos testados evitou contato com seu tutor e se aconchegou em um canto sem sair para explorar, provando um apego inseguro no qual não viam proteção no contato com seus guardiões.
Natureza e criação
Mas e em casos nos quais os felinos recebem carinho e proteção o tempo todo, porém continuam ariscos e desconfiados? Segundo Vitale, pode ser parte dos “resultados de experiências de vida”, ou da própria propensão do felino. Isso comprova que tanto a criação quanto a natureza possuem um grande peso, e até mesmo indivíduos com as melhores das intenções podem acabar falhando em notar o quão sensível é seu animal de estimação.
“Equívocos comuns de que os gatos precisam de menos interação social ou são mais independentes podem afetar a quantidade e a qualidade das interações sociais que oferecemos a eles”, explicou Udell.
Ou seja, acreditar que os bichanos são independentes e não necessitam de tanta atenção pode resultar diretamente em comportamentos mais distantes por parte dos nossos companheiros.
Muito amor e carinho
O estudo de Udell e Vitale comprova que devemos dar tanto amor e atenção a um gato quanto daríamos a um cachorro, interagindo constantemente com os felinos e evitando deixá-los sozinhos por longos períodos ou os expondo a situações estressantes para não feri-los emocionalmente e criar um apego seguro.
Então, tire um tempo em sua rotina para paparicar seu gatinho, faça carinho, brinque com ele e demonstre seu amor, porque de sua própria maneira, ele com certeza irá retribuir!