“Há dois rifeiros investigados. Um dos rifeiros foi apontado por uma das pessoas [que prestaram depoimento]. O outro rifeiro a gente está em processo de investigação e prefiro, nesse momento, não falar nada para não atrapalhar nossa investigação”, afirmou.
Segundo as investigações, as possíveis fraudes estão relacionadas ao uso de pix em campanhas de arrecadações de doações para pessoas em estado de vulnerabilidade social.
De acordo com a polícia, o esquema funcionava da seguinte maneira: o caso do telespectador era contado no programa Balanço Geral, da Record TV Itapoan. As pessoas pediam ajuda e o número para doações era exibido na tela. Às vítimas, era feito o pedido da chave PIX, com a promessa de que todo valor arrecadado seria repassado.
No entanto, a chave PIX usada seria de um laranja – que integrava o esquema, e que era colocada no ar como se fosse da emissora. As investigações apontam que menos da metade do valor era transferido. Muitos não recebiam nada.
A polícia investiga se funcionários receberam os valores. “Algumas chaves PIX utilizadas foram desativadas, comentou o delegado, após afirmar que pediu ao Banco Central informações sobre pessoas que estariam vinculadas as contas bancárias.
Até a manhã desta quarta (12), 27 pessoas já foram ouvidas entre funcionários da emissora e pessoas que disseram ter sido vítimas das fraudes. De acordo com a polícia, ainda não há um valor exato das quantias desviadas.
Segundo a polícia, o crime é enquadrado como estelionato por meio virtual. Também é apurado uma possível associação criminosa e lavagem de dinheiro.
“Então, o que a pode afirmar é que um conjunto de indícios forma uma prova, e essa prova está nos apontando verdadeiramente pela existência de uma fraude”, disse.
Ainda na coletiva, o titular da DreofCiber detalhou o que foi relatado pelas vítimas nos depoimentos.
“Essas vítimas informaram que a chave PIX era fornecida pela pessoa que entrevistava. A chave teria que ser da empresa para fins de controle, [mas] a própria empresa diz que não fornecia a chave PIX. Outros repórteres informaram que estranham isso”, detalhou.
A polícia disse que a investigação será feita em três fases. Dois jornalistas suspeitos ainda vão ser ouvidos e não há data para os depoimentos.
Por meio de nota enviada ao g1, a emissora informou que colabora desde o início com a investigação do caso. A emissora também detalhou que, quando soube das suspeitas, tomou “todas as medidas possíveis para apurar os detalhes e entregar às autoridades competentes”.
O caso veio à tona no dia 10 de março pelas redes sociais e a Polícia Civil iniciou as apurações quatro dias depois. Segundo a polícia, 11 casos de suposta fraude por meio de doações via PIX estão sendo investigadas. Em todas, as vítimas seriam pessoas em situação de vulnerabilidade social.
As vítimas procuraram a emissora para divulgar suas histórias e pedir doações aos telespectadores. Os valores arrecadados deveriam ser utilizados para tratamento de doenças e compra de remédios, por exemplo.
Entre os casos apurados está o de uma criança que precisava de tratamento médico contra câncer. A família participou do programa pedindo ajuda, porém, os pais disseram à polícia que receberam apenas parte do valor arrecadado. A médica da menina foi chamada para depor.
A polícia também informou que três celulares foram apreendidos e passam por perícia. Conteúdos de reportagens, prints de mensagens, documentos bancários fornecidos pelas vítimas e depoimentos fazem parte do inquérito.
Ainda conforme a polícia, 13 pessoas são investigadas, entre elas, dois jornalistas que foram demitidos da emissora.
Um dos investigados é proprietário de uma pistola calibre 9mm e possui registro de Colecionador, Atirador Desportivo e Caçador (CAC). A polícia informou que o Exército Brasileiro apura a regularidade da licença e a manutenção do registro. O nome do investigado não foi detalhado.
Além disso, a morte de uma criança que precisava de um tratamento médico e tem a possibilidade de relação com os apelos exibidos no programa de TV da emissora também é apurada pela polícia.