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Febre maculosa: proteína do carrapato pode ser alvo de futura vacina

Pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) afirmam que uma proteína encontrada no carrapato-estrela, transmissor da febre maculosa, pode ser usada como alvo para o desenvolvimento de uma possível vacina contra a doença. A descoberta foi publicada na revista Parasites & Vectors em março deste ano e divulgada nesta quarta-feira (14/6) pela Agência Fapesp.

Febre maculosa - Brasil Escola

A febre maculosa é uma doença infecciosa transmitida pela picada do carrapato-estrela ou carrapato micuim – comuns na região do Cerrado e em áreas degradadas da Mata Atlântica – que esteja infectado por bactéria do gênero Rickettsia. As pessoas contaminadas podem desenvolver desde quadros clínicos leves até formas graves da condição, que pode levar à morte.

Os sintomas da febre maculosa incluem febre alta; dor de cabeça intensa e súbita; dor abdominal e muscular; manchas na pele; náuseas e vômitos; diarreia; inchaço e vermelhidão nas palmas das mãos e sola dos pés; e paralisia dos membros que inicia nas pernas e sobe até os pulmões, causando diminuição do fluxo respiratório.

Estudos anteriores feitos pelo mesmo grupo de pesquisadores da USP já haviam mostrado que, ao infectar o carrapato-estrela, a bactéria Rickettsia rickettsii inibe a apoptose no hospedeiro, o processo da morte programada das células do aracnídeo, favorecendo seu crescimento. Assim, a bactéria ganha tempo para se proliferar e infectar novas células.

Agora, os pesquisadores experimentaram silenciar a expressão gênica da proteína inhibitor of apoptosis protein (IAP), a principal inibidora da apoptose, como uma tentativa de reduzir o crescimento da bactéria e tornar o carrapato-estrela mais resistente à infecção. A alimentação dos aracnídeos foi reproduzida em laboratório, com sangue de coelhos infectados e não infectados pela bactéria R. rickettsii.

As taxas de mortalidade dos carrapatos-estrela durante o experimento foram de mais de 92%, sugerindo que a alimentação do aracnídeo, independentemente de estar infectado ou não, gera radicais livres que ativam a apoptose. Com a IAP silenciada, os carrapatos não conseguem sobreviver, diminuindo a densidade populacional do hospedeiro e a incidência de transmissão.

“Observamos que, independentemente da infecção, os carrapatos morriam ao se alimentar, destacando a importância da IAP para sua sobrevivência”, afirma a professora do Departamento de Parasitologia do Instituto de Ciências Biomédicas (ICB-USP) e coordenadora do estudo, Andréa Cristina Fogaça, à Agência Fapesp.

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