Pesquisa publicada na Science argumena que evento de quase extinção teria ocorrido devido a mudanças nos padrões climáticos globais, com população reduzida a 1.280 indivíduos na época.
Um novo estudo publicado na revista científica “Science” afirma que a humanidade quase foi extinta há cerca de 900 mil anos, quando a população global se reduziu a cerca de 1.280 indivíduos reprodutores.
O estudo, que foi liderado por pesquisadores da China, Itália e Estados Unidos, usou uma nova técnica de análise genética para reconstruir a história demográfica da humanidade.
Na publicação, os pesquisadores argumentam que a população humana passou por um período de declínio acentuado entre 930 mil e 813 mil anos atrás.
Durante esse período, a população global foi reduzida em cerca de 98%. Os cientistas acreditam que esse declínio foi causado por uma combinação de fatores, incluindo mudanças climáticas e secas prolongadas.
“Essa nova descoberta abre um novo campo na evolução humana”, diz o autor sênior do estudo Yi-Hsuan Pan, especialista em genômica evolutiva e funcional da East China Normal University (ECNU).
“Isso porque esse achado evoca muitas questões, tais como quais foram os locais onde estes indivíduos viveram, como superaram as mudanças climáticas catastróficas e se a seleção natural durante esse evento de ‘gargalo’ acelerou a evolução do cérebro humano”, acrescentou.
O estudo também revelou que o período de declínio da população humana coincidiu com um evento de especiação, no qual duas linhagens de humanos se separaram e se tornaram espécies distintas.
Os pesquisadores acreditam que esse evento de especiação pode ter sido causado pelo isolamento geográfico das duas linhagens e o desenvolvimento de novas tecnologias, como o controle do fogo.
A primeira evidência do uso do fogo para cozinhar alimentos data de 780 mil anos atrás no que hoje é Israel.
No estudo, um modelo computacional foi usado para inferir o tamanho das populações em pontos específicos do passado. O modelo usa a vasta quantidade de informações contidas nos genomas humanos modernos sobre a variação genética ao longo do tempo. A equipe de cientistas também usou sequências genéticas de 10 populações africanas e 40 não africanas.
Apesar disso, a pesquisa ainda deixa algumas perguntas sem resposta. Por exemplo, os pesquisadores não sabem exatamente onde a população humana se recuperou após esse declínio. Também não sabem como os eventos de mudança climática e especiação se relacionaram entre si.
“Estamos apenas o começo”, ressaltou o autor sênior LI Haipeng, geneticista populacional teórico e biólogo computacional do Instituto de Nutrição e Saúde de Xangai e da Academia Chinesa de Ciências (SINH-CAS).
“Os objetivos futuros com este conhecimento visam pintar um quadro mais completo da evolução humana durante este período de transição do início para o Pleistoceno Médio, que por sua vez continuará a desvendar o mistério que é a ancestralidade e a evolução humana inicial”, acrescentou.