O presidente chinês, Xi Jinping, deu ao presidente Lula (PT) de presente um pedaço da rocha lunar, durante jantar no Itamaraty na noite desta quarta-feira (20).
É praxe a troca de presentes entre chefes de Estado em cerimônias como esta. Xi chegou ao Brasil para o G20 no Rio de Janeiro, e hoje foi recebido por Lula em visita oficial a Brasília. O presidente brasileiro, por sua vez, presenteou o homólogo chinês com cerâmica Marajoara.
Segundo integrantes do governo, um dos presentes do chinês ao brasileiro foi um pedaço da rocha colhida no programa espacial chinês. Em junho, pela primeira vez na história, a China foi à face oculta da Lua, o hemisfério lunar jamais visto da Terra, e trouxe amostras de volta à Terra. O episódio levou o nome de missão Chang’e 6.
O jantar no Itamaraty em homenagem a Xi Jinping teve mais gente do que é costumeiro em eventos como este no salão do palácio do Ministério de Relações Exteriores. A organização teve de colocar mesas fora do salão, o que é incomum. Relatos dão conta de cerca de 200 pessoas, entre integrantes do primeiro escalão, de empresas privadas e públicas.
Ele foi recepcionado ao chegar por Lula e pelos presidentes do STF (Supremo Tribunal Federal), Luís Roberto Barroso, do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG) e da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), num gesto que reflete a importância que o governo quis imprimir para o evento.
De acordo com um ministro de Lula, Xi foi tietado pelos presentes. Empresários e parlamentares pediam para tirar foto com o líder chinês e com Lula durante o jantar, que começou pontualmente às 18h30 e terminou duas horas depois.
O cerimonial teve de ficar pedindo para os presentes retornarem aos seus lugares para poderem continuar servindo o jantar.
A China é maior parceiro comercial do Brasil. A delegação chinesa trouxe empresários para firmar acordos com o governo brasileiro, como SpaceSail, concorrente de satélites da SpaceX de Elon Musk.
Além disso, o país é um dos grandes compradores de proteína animal brasileira. Estiveram presentes empresários como Wesley Batista, da J&F, e Marcos Molina, da Mafirg. Além deles, o vice-presidente de assuntos corporativos e institucionais da Vale, Alexandre D’Ambrosio, e Luiza Trajano, presidente do conselho administrativo da Magazine Luiza.
Segundo relatos, a conversa girou em torno da relação entre os dois países. Um executivo disse à Folha, reservadamente, que este é o melhor momento das relações comerciais, mesmo diante do aumento de tensões entre a China e os Estados Unidos, após a eleição de Donald Trump.
Da parte do governo, participaram a grande maioria dos ministros, como Rui Costa (Casa Civil), Fernando Haddad (Fazenda), Alexandre Padilha (Relações Institucionais), Renan Filho (Transportes) e Anielle Franco (Igualdade Racial).
Também estiveram presentes a presidente da Petrobras, Magda Chambriard, e o presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, além do diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues. O futuro presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, também acompanhou tanto o jantar, quanto as reuniões e o almoço no Palácio da Alvorada.
O jantar era em homenagem aos chineses, mas a culinária era brasileira. De entrada, havia dadinho de rabada e bolinho de carne de sol. Os convidados também puderam comer pato laqueado e moqueca de banana, e de sobremesa, sorvete de côco com cajuzinho.
A viagem de Xi Jinping teve segurança redobrada. As reuniões bilateral e ampliada e a assinatura de atos ocorreram no Palácio da Alvorada, mais cedo, a pedido dos chineses, segundo relatos.
A recepção a governantes ocorrida pela manhã no Alvorada é incomum. O palácio é de mais difícil acesso, distante de outros prédios. Além disso, sua delegação fechou um hotel que fica à beira do Lago Paranoá e a 1 km do Alvorada. Além disso, os acessos de imprensa foram mais restritos.
Quando chegou, foi recebido pelo presidente e a primeira-dama, Janja, por uma cerimônia com militares, conhecida como revista à tropa. Mas também teve uma apresentação de uma banda Ibrachina Music Project, e de uma soprano. Segundo integrantes do governo, a música escolhida, chamada My Homeland, fez sucesso na China.
Por Marianna Holanda e Guilherme Botacini | Folhapress
Bahia Notícias
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