Passados praticamente três meses da data-base da categoria (primeiro de maio), a Embasa tem feito de tudo para arrastar indefinidamente a campanha salarial. Até aqui fez duas propostas, com pouco avanço de uma para outra: na última sexta (19), em reunião com o Sindicato, ofereceu reajuste salarial pelo INPC (5,07%), e mesmo percentual nos auxílios educação, material escolar, filho especial e funeral. E só, e ainda assim condicionado à aceitação da coparticipação no plano de saúde sem nenhuma contrapartida.
É bom lembrar a proposta anterior: 5,07% apenas no salário, mantendo “congelados” todos os benefícios, e também condicionado à implantação da coparticipação no plano de saúde. O pequeno avanço registrado entre uma proposta e outra não diminuiu o clima de revolta na categoria, que já vinha protestando contra a “enrolação” da empresa na campanha salarial deste ano, colocando inúmeros obstáculos para o fechamento do acordo coletivo. Diante disso, a resposta começou a ser dada: em assembleias realizadas na semana passada, nos dias 15, 16 e 17, os (as) trabalhadores (as) decidiram, por ampla maioria, realizar uma paralisação de advertência de 24 horas nesta terça (23).
A decisão quase unânime de parar o serviço demonstra que a categoria está disposta a reagir e que esse é apenas o primeiro passo para pressionar a empresa a mudar de postura. Tanto é assim que outra decisão tomada foi de convocar novas assembleias para a semana que vem, nos dias 29, 30 e 31, nos mesmos locais, quando pode ser adotada uma posição ainda mais dura caso até lá a empresa não mude sua postura. Além de nada falar sobre o reajuste dos benefícios econômicos e querer confirmar a abertura de nova “janela” para o prêmio aposentadoria, a diretoria da Embasa quer passar por cima do acordo coletivo em vigor no caso da coparticipação. A Cláusula 24, em seu Parágrafo 9º, estabelece que “A Embasa constituirá comissão mista para discutir o modelo de coparticipação com o objetivo de buscar a sustentabilidade do plano de saúde a ser definido para o acordo coletivo de 2019/2020”.
A empresa não fez o dever de casa e demorou mais de um ano para constituir a comissão, mas agora quer atropelar a discussão de forma autoritária e incoerente, criando a comissão “a toque de caixa”, alegando que tem pressa (só agora?). O sindicato não aceitar discutir um assunto tão sério, que mexe com a vida dos trabalhadores, de forma açodada e superficial, até porque as questões de saúde e segurança na Embasa sempre estiveram em segundo plano e os dados sobre o plano de saúde são um completo “mistério”.