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Mais de 100 ciclistas morreram na Bahia em 10 anos

Meio de transporte cada vez mais utilizado nas grandes cidades do país, as bicicletas – e os ciclistas – ainda sofrem com o falta de educação e respeito de muitos motoristas em meio ao trânsito caótico percebido dia-a-dia nas capitais. O resultado disso são as internações em hospitais, além das mortes causadas por conta das colisões entre as “magrelas” e os veículos maiores.

Uma pesquisa divulgada ontem pela Associação Brasileira de Medicina de Tráfego (Abramet), utilizando dados do Sistema Único de Saúde (SUS), apontou que quase dez mil internações hospitalares causadas por atropelamento de ciclistas foram registradas desde 2012. Além disso, na última década 8.550 ciclistas morreram no trânsito após se envolverem em algum acidente desse tipo.

Na Bahia, conforme as informações e levando em conta o mesmo período, foram registradas 154 internações por conta deste tipo de situação. Somente até o mês de outubro deste ano, foram contabilizados 17 casos. No geral, o estado só fica atrás de Ceará (384 casos) e Pernambuco (334). De 2012 até outubro de 2019, o estado que teve a maior variação foi Sergipe: 1.200%.

Com relação aos óbitos, os dados apontam que ocorreram 120 mortes, na Bahia, entre os anos de 2008 e 2017, sendo 2015 o ano com o maior número de óbitos: 17. Mesmo assim, o estado ocupa a sexta colocação nesta estatística, atrás do Piauí (345 mortes), Maranhão (282), Ceará (261), Pernambuco (232) e Sergipe (157).

“Infelizmente, esses dados comprovam que não houve avanços em relação à década passada quando o número de acidentes com ciclistas começou a chamar a atenção”, pontuou o diretor científico da Abramet, Ricardo Hegele. “Temos acompanhado esse tema e alertado para a necessidade de políticas públicas e ações que melhorem as condições de uso da bicicleta e conscientizem seus usuários sobre questões de segurança no trânsito”, acrescentou o gestor.

Conforme a Associação, os dados do Sistema de Informações Hospitalares (SIH) e do Sistema de Informação de Mortalidade (SIM), ambos do Ministério da Saúde, mostram a urgência de ações que levem ao uso seguro desse meio de transporte. No período analisado, o número de atendimentos hospitalares desse tipo de acidente aumentou 45%, passando de 1.064, em 2012, para 1.545, em 2018, em todo o país. Só neste ano, até outubro, pelo menos 1.356 internações foram registradas no SUS.

De acordo com o levantamento, 84% dos ciclistas internados eram do sexo masculino e metade dos ciclistas internados tinham entre 20 e 49 anos de idade. Houve aumento acentuado no número de internações nos estados de Rondônia (1.400%) e Mato Grosso, ambos com alta de 1.200% entre 2012 e 2018, além do já citado Sergipe. Apenas cinco unidades da federação apresentaram queda no período, além da Bahia: Piauí (-86%), Pará (-28%), Alagoas (-9%), e Paraná (-2%).

JUSTIFICATIVA

Segundo a Abramet, a falta de infraestrutura adequada nas cidades, combinada à falta de campanhas educativas e de prevenção voltadas ao ciclista são o principal motivo do crescimento dos indicadores de vítimas fatais nas grandes cidades do Brasil.

“É preciso reconhecer que ao longo dos últimos anos houve melhorias na estrutura de algumas cidades, sobretudo em grandes capitais como Salvador, Rio de Janeiro e São Paulo. No entanto, essas mudanças não acompanharam a crescente demanda de pessoas que utilizam as bicicletas como meio de transporte, esporte ou lazer”, complementa o Antônio Meira Júnior, diretor de relações.

Para ele, são necessários espaços físicos diferenciados, mais sinalização e ações educativas que alertem para o fato de que todos fazem parte do trânsito e devem ser respeitados. “Sem isso, esses indicadores continuarão subindo. É preciso uma mobilização do poder público, com o apoio das entidades médicas, para criar ações conjuntas e efetivas para combater este cenário”, salientou.

Os dados mapeados pela entidade indicam que, em média, 855 ciclistas morrem todos os anos por envolvimento em acidente de trânsito. Cerca de 60% delas foram registradas nas regiões Sul e Sudeste.

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