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Pandemia permite novos olhares sobre os recantos da primeira capital do Brasil

Neste 29 de março, a cidade de Salvador completa 472 anos de fundação. E no contexto de enfrentamento da pandemia de Covid-19, que trouxe a necessidade de distanciamento social e a menor circulação de pessoas nas ruas e pontos turísticos, os baianos falam sobre os novos olhares para a primeira capital do Brasil, cuja população é de pouco mais de 2,8 milhões de pessoas, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – (IBGE).

Nascido no Centro de Salvador, o fotógrafo e professor da Escola de Belas Artes da Universidade Federal da Bahia (Ufba), José Mamede, revela que tem uma relação orgânica com a cidade. Através do trabalho feito com o uso de um drone, ele captura imagens que apresentam a realidade da capital em momento de enfrentamento da Covid-19. Ainda segundo Mamede, os voos feitos com o drone ainda são ferramentas terapêuticas para os desafios que o maior isolamento social traz para a mente.

Voos de cura

“O drone me permite fazer voos de cura. E por ser uma ferramenta terapêutica, ele pode aliviar todo o estresse, toda a depressão”, diz o professor.

“Do alto, tenho uma nova percepção do Centro, que sempre foi caótico, espontâneo. Agora, com as ruas vazias, a gente se depara com arquiteturas que parecem perder o sentido, pois foram feitas para as interações humanas. Parece cena de filme distópico”, cona.

Com a menor circulação de pessoas nas ruas e espaços históricos do Centro, Mamede não esconde a sensação de menor segurança para a realização do seu trabalho. No entanto, ele também revela que o momento de pandemia, que tem reduzido as comuns aglomerações em determinados espaços e os barulhos urbanos, tem permitido descobrir uma Salvador de forma mais tranquila.

“A Baía de Todos-os-Santos, o Comércio, a Cidade Baixa. São espaços que estão com menor circulação de pessoas, você passa sem aqueles esbarrões naturais com os camelôs, sem os barulhos que sempre fizeram parte do cotidiano urbano. Pensar uma Avenida Sete silenciosa, algo que nunca vi na vida. Tenho aproveitado para voltar também aos meus lugares de memória, o casarão onde nasci, na Rua do Gravatá, número 8. Ele ainda está lá. A escola onde estudei até os 15, no Largo da Palma, em Nazaré. São percepções novas para os lugares onde me reconheço”, diz Mamede.

O ciclista Hélder Guido, 32, que tem a bicicleta como meio de transporte desde a infância, sente falta dos encontros feitos pelos grupos de bike da capital. E além da companhia de outros ciclistas, ele tem experimentado a sensação de passar pelas ruas de uma Salvador com menor circulação de pessoas. Há 8 anos, ele faz parte do grupo Pedal da Vila, que nasceu no bairro de Vila Laura.

“Antes da pandemia e necessidade de maior distanciamento social, pedalava com 20, 30 pessoas, duas vezes por semana, além de participar de encontros com 100, 70 ciclistas pela cidade. Essa interação faz falta. No Centro, em espaços como o Comércio, a gente nota um considerável esvaziamento de ruas. Em muitos momentos, é você e a bicicleta. No entanto, na Orla da capital, a gente consegue notar um bom movimento de pessoas que gostam de fazer suas atividades físicas. O trânsito também mudou, não pego tantos engarrafamentos e os motoristas parecem mais pacientes”, conta Hélder.

Para o ciclista, além da valorização do que chama de turismo de bike, a pandemia deixa para os baianos a importância da valorização da alegria e dos momentos de interação entre as pessoas, além da importância de conservação dos seus espaços históricos e de lazer. “Pense na falta que faz aquele banho de mar sem preocupação, após uma boa pedalada na orla”, acrescenta.

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