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Em meio à pandemia da Covid-19, regiões baianas são oásis de desenvolvimento

Apesar da retração de 3,4% do Produto Interno Bruto (PIB) baiano em 2020 devido à pandemia da Covid-19, diversas regiões do interior do estado continuam prosperando economicamente e apontam possíveis caminhos para a retomada. Além da agropecuária – que registrou no ano passado safra recorde de 10 milhões de toneladas de grãos –, representam oásis de desenvolvimento a mineração e o setor de energias renováveis, como a eólica e a solar.

Com o alto preço das commodities, diversos segmentos tiveram desempenho até acima do que apresentaram nos anos anteriores, destaca Paulo Guimarães, superintendente de atração de investimentos e fomento da Secretaria de Desenvolvimento Econômico (SDE). A mineração, por exemplo, teve crescimento de 60% no ano passado, diante de uma média de 20% nos anos anteriores, segundo Paulo Misk, presidente do Sindicato das Empresas de Mineração da Bahia (Sindimiba).

CEO e presidente da Largo Resources, Misk afirma que a mineração consegue levar desenvolvimento econômico e social para o interior, onde muitas vezes há grande dificuldade para a implantação de outras atividades. “A gente tem criado um ambiente favorável na Bahia para a mineração, que recebe muitas críticas, algumas verdadeiras. Não quero me fazer de vítima, mas criamos um ambiente de diálogo muito importante. Sempre que há questionamento, a gente mostra a cara e mostra como as coisas são feitas”, diz.

O executivo cita como exemplo o município de Maracás, onde o comércio, a construção civil e até mesmo a hotelaria colheram resultados positivos com a instalação da Vanádio de Maracás, da Largo. Ele destaca ainda o significativo incremento na arrecadação. “Como referência, se você pegar o ICMS em 2013, quando a gente tinha dois mil funcionários implementando as instalações, e compara com 2019, aumentou 300%”, exemplifica.

Mesmo muito atrás de Minas Gerais e Pará – maiores estados produtores na mineração –, a Bahia sozinha receberá um terço dos investimentos do setor entre 2020 e 2024, o equivalente a cerca de US$ 13 bilhões, de acordo com o presidente da Largo.

A companhia atualmente trabalha no desenvolvimento de baterias de vanádio para armazenar a energia vinda de fontes limpas (eólica e solar), outro setor em plena expansão no estado.

Geração de energia

Ainda com grande potencial a ser explorado para a geração de energia eólica no semiárido, a Bahia reúne condições climáticas não comparáveis com nenhum outro estado, segundo Rafael Valverde, CEO da Eolus Consultoria.

“A Bahia tem ainda uma grande potencialidade de aproveitar esse cenário. A gente ainda tem baixa penetração de consumidores no mercado livre e estamos em um momento de franca expansão desses projetos de fase inicial. Se você pega os leilões do governo federal, corriqueiramente a Bahia é o estado com mais projetos registrados”, avalia Valverde.

“A Bahia tem os melhores ventos do Brasil. As construções de parques continuam de vento em popa. Basicamente na região do semiárido, subindo de Guanambi até Sobradinho”, reitera o superintendente da SDE. Magalhães acrescenta que o estado sequer chegou a 5% do potencial medido no atlas eólico elaborado pela secretaria em 2013.

Além de limpa, a energia renovável tem como grande atrativo o custo, afirma Luiz Carlos Lima, sócio-fundador e CEO da Voltxs Energia. “As pessoas passaram a comprar energia ou alugar usinas”, afirma, ao explicar o “boom” do setor.

Em fazendas solares em Ibotirama, a empresa produz energia para clientes como o Grupo Labchecap e a rede Raia Drogasil. Lima explica que a energia solar tem uma vantagem em relação à eólica, por ser “mais fácil de adaptar”. “Cada aerogerador é muito grande”, pontua.

“A Bahia é um estado que tem no seu semiárido um nível de insolação dos melhores do mundo”, afirma o CEO da Voltxs.

Ele destaca que, além da geração de emprego, a chegada dos empreendimentos do tipo a regiões mais distantes, como o extremo oeste, possibilita muitas vezes um ganho na infraestrutura local. “Nas nossas fazendas, não tinha internet. E a comunidade se beneficiou. A energia era horrorosa. Com a presença das usinas, fez com que melhorasse”, diz Lima.

Na agropecuária baiana, o PIB apresentou crescimento de 14,2% no ano passado, conforme dados da Federação da Agricultura e Pecuária da Bahia (Faeb). Após o resultado de 2020, o agronegócio passou a representar 23,8% do PIB do estado – a maior participação dos últimos oito anos. Na produção agrícola, os maiores destaques foram para a mamona, o café arábica e o feijão, com respectivas altas de 140%, 68% e 62%, segundo a entidade.

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