O presidente Jair Bolsonaro não quer nem ouvir falar em novo aumento de combustível sendo repassado para o bolso do consumidor neste ano de eleição. Caso seja necessário, ele quer que sua equipe busque uma solução para evitar que o aumento pese diretamente nas contas dos brasileiros.
Uma saída, ainda não definida pela equipe presidencial, seria dar um subsídio temporário para os combustíveis, permitindo que a Petrobras eleve os preços, mas evitando que a alta chegue ao bolso dos consumidores, caminhoneiros e empresários. Essa solução é defendida por uma ala do governo, mas conta com a oposição da equipe econômica.
O novo presidente da Petrobras, José Mauro Ferreira Coelho, assumiu no lugar do general Joaquim Silva e Luna prometendo manter a regra atual de reajuste de preços, que segue a paridade com o preço de importação da gasolina e diesel. Ou seja, se o cenário internacional for de aumento do barril do petróleo e do valor do dólar, a estatal terá de corrigir os seus preços.
Esse, por sinal, é o cenário que vem se desenhando nos últimos dias. O dólar voltou a subir, depois de chegar perto de R$ 4,60, e o preço do barril continua alto, pressionado pela guerra da Rússia contra a Ucrânia. Em algum momento, para evitar desabastecimento no Brasil, a empresa terá de corrigir seus preços.
Isso porque o Brasil importa hoje cerca de 30% do diesel consumido no país, porque as nossas refinarias não têm capacidade de produzir o combustível aqui. Aí, se o preço lá fora fica maior do que no país, os importadores simplesmente deixam de trazer o diesel lá de fora para ser consumido aqui dentro.
Foi isso, inclusive, que determinou o último reajuste de diesel que tanto irritou o presidente. Ele foi alertado, porém, que sem o aumento aconteceria o pior, a falta do produto no Brasil, paralisando o transporte de alimentos e atingindo o funcionamento de algumas empresas no país. Aí o prejuízo para a imagem do presidente seria ainda maior.