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Série sobre a boate Kiss gera processo para a Netflix; mas ação gera polêmica entre pais dos jovens mortos

Produzida pela Netflix, ‘Todo Dia a Mesma Noite’, que recria a tragédia da boate Kiss, quando 242 jovens perderam a vida no incêndio de uma casa noturna de Santa Maria (RS), em janeiro de 2013, alguns pais dos jovens que morreram nesse fatídico episódio ficaram indignados e pretendem processar a plataforma de streaming pela realização da obra.

A produção é baseada no livro homônimo da jornalista Daniela Arbex. Um outro grupo de pais, que engloba a AVTSM (Associação dos Familiares de Vítimas e Sobreviventes da Tragédia de Santa Maria), a maior entidade representante desses familiares, concorda com a obra audiovisual.

“Nós fomos pegos de surpresa, ninguém nos avisou, ninguém nos pediu permissão. Nós queremos saber quem está lucrando com isso. Não admitimos que ninguém ganhe dinheiro em cima da nossa dor e das mortes dos nossos filhos”, disse Eriton Luiz Tonetto Lopes, pai de Évelin Costa Lopes, que faleceu no incêndio aos 19 anos.

Esse grupo de pais considera que a série é uma exploração financeira da tragédia, já que ninguém teria sido informado sobre a sua realização. Num aplicativo de mensagens onde se reuniram, esses pais discutem formas de reverter parte dos lucros da Netflix para o tratamento de sobreviventes e custear um memorial às vítimas da tragédia.

Por outro lado, a AVTSM já se manifestou em nota contrária, afirmando que “estava ciente que produção estava sendo realizada com base nos personagens do livro e que se sente representada por ela bem como pelo livro da autora”.

“Nós já emitimos uma nota dizendo que somos (os integrantes da AVTSM) a favor de todas as publicações, textos, matérias, em jornais ou na TV, até obras de arte e livros que já foram escritos, que têm o papel de mostrar como toda essa luta foi perversa por parte do poder público. E isso está bem mostrado na série da Netflix, porque ela é uma série-denúncia muito forte. O conteúdo que está ali mostra as ações do poder público, do Ministério Público, mostra os processos contra os pais, porque essa gente queria calar a boca dos pais […]”.

“Ali se mostra tudo, que os entes públicos da prefeitura, dos bombeiros, de outros órgãos, eles sabiam de tudo […] E após todo esse esforço de nove anos, até um julgamento, o poder público, o Tribunal de Justiça fez essa indecência de anular o júri. Uma obra dessas vai trazer mais conscientização, mais conhecimento, enfim, trazem um registro e uma memória sobre toda essa tragédia”, disse Paulo Carvalho, integrante da AVTSM e pai de Rafael Carvalho, que morreu na tragédia da Kiss aos 32 anos.

 

Com informações da Revista Fórum

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