Uma comissão criada pelo Ministério da Saúde, pela Controladoria-Geral da União (CGU) e pela Advocacia-Geral da União (AGU) identificou indícios de conflito de interesse no processo de contratação de funcionários da Agência para o Desenvolvimento da Atenção Primária à Saúde (Adaps), criada no governo de Jair Bolsonaro (PL) para administrar o programa Médicos pelo Brasil.
Denúncias recebidas por meio de canais oficiais do governo motivaram a apuração. Um relatório preliminar afirma que ritos não foram seguidos, e parentes e amigos de pessoas que integravam a banca de seleção ou a diretoria de agência acabaram sendo contratadas para cargos estratégicos. Algumas chegam a receber, mensalmente, mais de R$ 20 mil.
Medidas cautelares envolvendo a atual administração da Adaps podem ser tomadas, incluindo um possível afastamento de sua diretoria. A decisão, no entanto, cabe ao conselho deliberativo da própria agência.
Mais de 120 pessoas passaram pelos processos seletivos investigados. Uma devassa em contratos, termos de cessão, acordos de parceria, ordens de serviço e fornecimento de bens também foi realizada, de acordo com informações obtidas pela coluna.
A comissão, integrada por Ministério da Saúde, CGU e AGU, foi constituída em fevereiro deste ano. Ainda sob sigilo, o relatório preliminar elaborado pelos órgãos aponta para a existência de fragilidades e riscos à administração pública, provocadas por supostos vícios no modo como as contratações foram feitas.
O ex-presidente Jair Bolsonaro lançou em 2019 o Médicos pelo Brasil, modelo que tentou substituir o Mais Médicos, criado no primeiro mandato de Dilma Rousseff (PT). Os primeiros participantes do programa de Bolsonaro, no entanto, só foram convocados em 2022, três anos após a sua criação.
FOTO: Confederação Nacional de Municípios (CNM)
Mônica Bergamo, Folhapress