Vídeos mostram ao menos 2 entregadores sendo agredidos. ‘Você não está na favela. Quem paga o IPTU aqui sou eu”, disse a mulher, identificada como Sandra, que não quis gravar entrevistas.
Uma moradora de São Conrado, ex-atleta de vôlei, é acusada de injúria por preconceito e lesão corporal por entregadores. Vídeos mostram as vítimas sendo agredidas e xingadas por Sandra Mathias (veja acima).
Em uma das imagens, ela pega a guia da coleira do cachorro e dá uma espécie de chicotada nas costas de um dos entregadores, que é negro.
“Ela me tratou como se eu fosse escravo. Só que ela está esquecendo que o tempo da escravidão já acabou há muitos anos. E isso não pode acontecer. É inadmissível. Não tem como aceitar uma situação como essa”, disse Max Angelo dos Santos, um dos entregadores.
Max Angelo é morador da Rocinha e trabalha na informalidade como entregador há um ano e meio, desde quando perdeu emprego de carteira assinada. Após ser agredido, prestou depoimento e passou por exames no Instituto Médico Legal.
A acusada, Sandra Mathis Correia de Sá, é aguardada pela 15ª DP (Gávea) para ser ouvida. A TV Globo foi até o prédio dela e tentou contato, mas ela não quis gravar entrevistas.
Nas redes sociais, Sandra se apresenta como nutricionista e dona de uma escola de vôlei de praia no Leblon. Na tarde de domingo (9), ela saiu para passear com o cachorro e encontrou um grupo de entregadores que trabalha numa loja em São Conrado. No vídeo, é possível ver ela reclamando que os entregadores andam de moto sobre a calçada.
“A gente estava trabalhando, como de praxe, o dia todo aqui e ela passou. Saiu de prédio e veio passear com cachorro. Quando ela chegou na nossa direção, ela olhou para mim, olhou para gente, e cuspiu no chão e seguiu o caminho dela. Quando ela voltou, aí ela já foi e começou a arrumar problema com a outra menina”, conta Max.
“Você não está na favela, ***. Você está aqui. Quem paga o IPTU aqui sou eu”, disse Sandra.
Ela continua com xingamentos e agressões físicas, como mostram as gravações.
“Ela me xingou de lixo, de favela, de um monte de coisa. Nome feio… E chamando para briga, e eu não queria brigar. Eu falei: ‘Eu não quero brigar, eu vou correr, sim, porque eu não quero brigar’. Porque, se eu fosse a mais, eu ia acabar machucando ela”, disse a entregadora Viviane Maria de Souza.
Minutos depois, Sandra parte para cima de Max Angelo. Ela puxa a camisa dele e acerta um soco na cabeça. Ele consegue se soltar e se afasta.
Depois, ela tira a guia da coleira do cachorro e avança para cima de Max com agressões, em um ato associado por muitos, nas redes sociais e pela própria vítima, a chicotadas.
“As pessoas têm medo, as pessoas não falam e enquanto for assim, sempre vai acontecer. As pessoas têm que falar, têm que denunciar”, afirmou Max.
Segundo ele, essa não foi a primeira vez que a mulher pratica as agressões.
“A primeira foi na terça-feira e foi verbal. Inclusive, fiz o boletim de ocorrência na terça-feira, relatei os fatos e, quando foi ontem, aconteceu de novo. Fui à delegacia de novo e fiz novo boletim de ocorrência.”