Vídeos do animal viralizam no Instagram e no TikTok. Brasileiro que diz faturar até R$ 4 mil por mês com suas versões: ‘Às vezes, as pessoas ficam chateadas porque eu não falei o nome delas’.
“Darlaaaaaaaaan!”: uma marmota que “grita” o seu nome (e todos os nomes que existem) ou os de times de futebol, até mesmo frases engraçadas. Esses vídeos com o animal têm viralizado especialmente no Instagram e no TikTok, onde o meme coleciona milhões de visualizações.
Nos bastidores, pessoas anônimas se empenham na criação: dublam, editam, interagem e ganham dinheiro com isso.
O g1 conversou com duas delas, uma do Ceará e outra de Salvador — a origem do meme é gringa, mas outras pessoas “adotaram” o modelo e passaram a circular versões próprias.
E haja empenho para atender às “encomendas”: “Faz Irineu, por favor”, clama uma pessoa no TikTok .
“Está fazendo muito sucesso e eu não dou conta de falar o nome de todo mundo. Às vezes, as pessoas ficam chateadas porque eu não falei o nome delas. Mas é normal. Não dá para fazer com todos”, conta Michael Mendes, de Fortaleza, que cria versões do meme.
O que explica o sucesso da trend
Mendes é dono do “Marmota na Voz”, que tem mais de 1 milhão de seguidores no Instagram. Ele diz ser muito ligado em redes sociais e, em julho, se deparou com perfis gringos produzindo conteúdos com o animal.
Mendes, então, logo criou um perfil para fazer memes e diz ser o criador da versão brasileira da marmota que grita.
“Em julho, passou uma semana da primeira postagem e nada aconteceu. Depois, começou a viralizar e a chegar seguidor. Eu bati 1 milhão de seguidores no Instagram em 10 dias”.
Agora, já são várias contas, tanto no Instagram como no TikTok.
Mendes trabalha como motorista de aplicativo e diz que tem ganhado mais dinheiro com os vídeos da marmota do que com as corridas. Ao g1, ele disse que tem tirado de R$ 3 mil a R$ 4 mil por mês com o meme.
Diferente do TikTok, o Instagram não paga os criadores em sua plataforma. Os ganhos vêm de parceria com empresas que aproveitam para divulgar suas marcas e, também, de pessoas pagam para ele fazer vídeos exclusivos.
Em sua casa, Michael tem até um quadro com os nomes, para organizar a produção (veja na imagem abaixo). Para ele, os vídeos têm feito sucesso porque as pessoas se identificam e se divertem com as vozes.
“Elas também compartilham ou marcam conhecidos com o nome. Isso ajuda a viralizar muito rápido”, afirma Mendes. “Tem gente que manda DM dizendo: ‘Eu estava triste e você me fez feliz'”.
/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_59edd422c0c84a879bd37670ae4f538a/internal_photos/bs/2023/l/2/AcOfjOSzABiR00okFdFw/whatsapp-image-2023-09-05-at-14.02.22.jpeg)
Michael Mendes seleciona e organiza nomes que serão usados nos nomes da Marmota — Foto: Arquivo pessoal
No TikTok, um dos perfis que fazem sucesso com a “trend” é o de Vinicius Lacerda, que vive em Salvador. Ele viu que o algoritmo da rede social começou a indicar vários vídeos de marmota.
“Eu achei aquilo engraçado e comecei a produzir. Eu não sou dublador, mas tenho habilidades com isso. Eu sei imitar muito bem o Mickey Mouse e o Bob Esponja, por exemplo. Aí eu pensei: ‘Vou pegar esse vídeo e vou botar a minha voz'”, diz ao g1.
“Eu logo ganhei 10 mil seguidores e já pude monetizar a conta. Em agosto, eu consegui mais dinheiro do que eu ganho como gerente comercial”, diz. “Em 20 dias, mudou a minha vida.”
Vinicius não autorizou divulgar valores nesta reportagem.
A conta “Marmota Problemática”, com 600 mil seguidores, foi criada no final de julho, mas Lacerda só postou o primeiro vídeo em agosto, com o nome “João” — o post tem 2 milhões de visualizações.
Mas outros vídeos que ele fez com o meme renderam ainda mais: a marmota gritando “Júlia” tem 8 milhões de visualizações, “Irmã”, 12 milhões e “Mãe”, 17 milhões.
