Com 3 milhões de aquisições de produtos e serviços, estado teve o maior número de pedidos em compras online do Nordeste no mesmo período
Cada vez mais adotada pelos baianos, a prática de fazer compras online é uma alternativa para quem prefere ou precisa da comodidade proporcionada pelas tecnologias. Entretanto, apesar dos benefícios gerados, é preciso estar atento aos riscos de golpes, sobretudo nesta semana, quando a Black Friday – evento que reúne ofertas em lojas físicas e no e-commerce – promete movimentar a economia. O alerta é intensificado pelo dado que revela que, só neste primeiro semestre de 2023, a Bahia acumulou mais de 84 mil tentativas de fraude no e-commerce, o equivalente a 14 mil tentativas fraudulentas por mês. A informação é do Mapa da Fraude, levantamento realizado pela empresa de soluções antifraude ClearSale.
Nos primeiros seis meses do ano, o estado registrou três milhões de pedidos de compras online. Desse total, o número de tentativas fraudulentas corresponde a uma taxa de 2,8%. Segundo Matheus Manssur, superintendente comercial da ClearSale, o Norte e o Nordeste são regiões que se revezam em primeiro e segundo lugar no índice de tentativa de fraudes todos os anos. Conforme afirma, esses números se devem sobretudo porque a Bahia está em uma região que é muito visada por fraudadores.
Com o maior número de pedidos de compras virtuais do Nordeste, o estado também tem a maior taxa de tentativas de fraudes. A segunda e a terceira maiores taxas estão empatadas nos estados do Rio Grande do Norte (834,7 mil pedidos) e Maranhão (626,5 mil pedidos), que registram 2,5% de tentativas de fraudes sobre o número total de pedidos.
De acordo com Matheus Manssur, os produtos que são mais fáceis de serem transportados e tem mais facilidade de revenda são sempre os mais visados por golpistas por gerarem maior liquidez. “O estudo do Mapa da Fraude referente ao primeiro semestre de 2023 analisou que, no período, as categorias de produtos que mais sofreram tentativas de golpe na região Nordeste foram: eletrônicos (6,3%), com ticket médio da fraude de R$2.355, celular (5,6%), com ticket médio de R$2.517, e informática (4,3%), com ticket médio avaliado em R$2.552, o maior dentre as categorias”, destaca.
Estudante de Psicologia da Universidade Federal da Bahia (Ufba), João Logrado, 23 anos, conta que estava em busca de um celular em conta para presentear sua mãe quando foi vítima de um site que imitava o site oficial de uma loja. “Eu acessei um desses sites de comparação de preço e encontrei o celular que queria com um preço razoável. Não foi estranho porque estava com preço próximo aos demais sites. Cheguei a acessar, levei alguns dias consultando até decidir comprar. O site não era estranho, havia os slogans da compra segura, mas me passei no aspecto da segurança por conta do link, que não tinha o ‘.br’. Era um site falso”, narra.
Quando não teve retorno da compra por e-mail para conseguir rastrear o produto, João ficou desconfiado. “Encaminharam um e-mail dizendo que o produto já estava em rota, mas eu não conseguia encontrar com meu CPF no site dos Correios. Continuei insistindo, mas deixaram de responder. Depois, em algum momento nesse intervalo, eu acessei diretamente o site da loja oficial, pesquisando pelo Google. Quando entrei em contato, eles me responderam dizendo que não havia compra associada à minha conta. Tive prejuízo de cerca de R$680”, diz.
Já a comerciante Julita Araújo comprou um jogo de cama espreguiçadeira na promoção através de um site desconhecido e investiu R$90 no produto, que tinha previsão de chegada em quatro dias. Ela só se deu conta que sofreu um golpe quando a fatura do cartão chegou primeiro. “Perdi meus noventa reais, não recebi espreguiçadeira e até hoje estou sem nada. O site não existe mais”, lamenta.
Por sua vez, uma mulher, que preferiu manter sua identidade no anonimato, relatou ter sofrido um golpe ao adquirir um serviço de hospedagem virtualmente. Com viagem marcada para Lençóis, na região da Chapada Diamantina, ela reservou o local através da empresa de estadias Airbnb, mas foi abordada pela suposta proprietária da locação por meio de mensagens, que ofereceu uma negociação mais rápida.
“Mandaram mensagem para mim dizendo que precisavam do dinheiro rápido porque estava com a casa em reforma e que cancelariam a reserva pelo Airbnb para receber logo o dinheiro. Disseram que eu podia fazer o pagamento de 50%. Levei foi um golpe. Transferi R$184 e, quando chegamos em Lençóis, a casa não existia”, descreve.
Além desses golpes, Matheus Manssur aponta que o mais comum são os de roubo de identidade. esse tipo de fraude, o criminoso se passa por outra pessoa e utiliza dados da identidade de terceiros com o intuito de realizar compras em nome da vítima. Normalmente, esses dados são obtidos de forma eletrônica e o proprietário do cartão não reconhece a compra, solicitando o reembolso para sua operadora. Porém, muitas vezes, a loja só recebe essa informação após o despacho do produto, arcando integralmente com o prejuízo.
Para o superintendente comercial da ClearSale, a informação é a melhor forma de dificultar o trabalho dos fraudadores. “Sem a posse dos dados, dificilmente, eles conseguem ter sucesso para efetivar fraudes”, completa.