O programa Profissão Repórter desta terça-feira (11) destacou o poder das telas sobre os jovens e suas consequências. Em São Paulo, a reportagem contou a história de uma família que está passando por uma situação delicada após o filho de 15 anos ter apresentado sinais graves de vício em telas.
O filho ganhou o primeiro celular com seis anos de idade. Na época, os pais não imaginavam o que isso poderia provocar.
“Nós éramos trabalhadores do mercado financeiro, trabalhávamos muito e, com o tempo, o celular acabou sendo o caminho para deixá-lo mais tranquilo enquanto a gente fazia as coisas. O celular acabou tomando a conta e o espaço que ele tinha na vida”, conta o pai.
Aos oito anos, o menino foi diagnosticado com TDAH (Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade) e começou iniciou um tratamento com uma neuropsiquiatra. Foi a pandemia que escancarou o vício no celular.
“Nós percebemos em uma situação cotidiana, tipo: ‘olha, está na hora do banho, hora do almoço, ah, atrás aqui, a gente começava a levar, mas, pensava: ‘opa, espera aí'”, diz a mãe.
“A hora que ele vê que ele não está naquele mundo, entram as crises, entra a abstinência, uma internet que falha, ele fica estressado. Na verdade, a gente vai lidando no dia a dia com isso. Criei uma pasta de rotina para ele acordar, escovar os dentes, e coloquei no quadro na parede, para ele tentar seguir, se seguiu duas vezes, foi muito. O pior não é isso, quando chega no ápice do estresse, chega a se machucar, quando está muito silêncio, a gente já fica preocupado, a gente entra no quarto e, às vezes, quer que a gente vá para fora que ele quer privacidade”, relata o pai.
O pai mostrou à reportagem fotos das mordidas que levou do filho durante as crises.
“É uma marca enorme, foram mais de 40 mordidas”, conta.
A busca por ajuda
À reportagem, eles contam como têm buscado ajuda e tratamento.
“Proibição não funciona. Você tem que ser amigo, tem que ter diálogo, acordos. Nós aprendemos com a nossa terapia”, afirma a mãe.
“Hoje a gente também faz o nosso acompanhamento, não só o nosso filho”, afirma o pai.
“Começa dentro de casa de uma forma inocente que os pais nem imaginam que pode se transformar em um comportamento abusivo a chegar na dependência tecnológica. As crianças começam com 4, 5 anos e os pais vão buscar ajuda com 15, 12. e por isso que é tão difícil desinstalar esse comportamento do filho”, destaca a psicóloga.
Para ela, o grande desafio é encontrar um equilíbrio.
“A tecnologia tomou conta, que tem um lado muito bom, mas, como tudo, tanto a falta, como o excesso, tem que ter o equilíbrio. Então, esse caminho do meio, que todo mundo está testando hoje em dia”, completa a psicóloga.
Fonte: G1