A carestia dos alimentos e de outros produtos essenciais fez o Índice de Confiança do Consumidor (ICC) recuar 12,9% em fevereiro ante o mesmo mês do ano passado, passando de 138,2 pontos para 120,3, segundo a última pesquisa da FecomercioSP (Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo).
O Índice de Intenção de Consumo das Famílias (ICF) também registrou queda. O recuo foi de 3,9% em relação a fevereiro de 2024, passando de 114,3 pontos para 109,8.
Esse é mais um sintoma do pessimismo dos brasileiros com a economia do país, que tem afetado a popularidade do presidente Lula.
Os resultados ainda se mantêm acima da linha que divide otimismo e pessimismo, que são os 100 pontos, mas a FecomercioSP considera que essa retração anual indica uma deterioração importante no sentimento das famílias em relação ao consumo a longo prazo.
A federação diz que a pesquisa é influenciada pelos fatores sazonais de início de ano, quando os gastos com IPVA, IPTU, matrícula e material escolar afetam a percepção dos consumidores. Mas a situação econômica do país também está prejudicando a avaliação dos brasileiros.
Segundo a FecomercioSP, isso acontece devido à pressão inflacionária e à consequente alta dos juros, que encarece a tomada de crédito para financiamentos de mais longo prazo pelos brasileiros. Em janeiro deste ano, a taxa básica Selic foi elevada para 13,25% e a previsão é de novas altas neste ano.
Percepção sobre renda e trabalho é positiva
Entre os componentes do ICF, a “perspectiva profissional” e a “renda atual” tiveram leve alta, de 0,5% e 1,2%, respectivamente. O restante dos ítens, porém, registraram resultados negativos no comparativo anual.
As maiores reduções no índice foram em “nível de consumo atual”, com queda de 11,3%, “momento para duráveis” (-10,5%), “perspectiva de consumo” (-9,2%) e acesso a crédito (-9%).
As famílias com renda de até 10 salários mínimos apresentaram queda de 4,8% no IFC, atingindo 106 pontos, enquanto as famílias com renda superior a isso registraram recuo de 1,6%.
“Embora menos dependentes de crédito e com maior capacidade de poupança, essas famílias mostraram-se incertas quanto ao cenário econômico de longo prazo”, diz a pesquisa.
Julio Wiziack/Folhapress