in

Presidente do Peru sofre impeachment após Lava Jato comprovar recebimento de propina

Martín Vizcarra, presidente do Peru, foi destituído do cargo na noite desta segunda feira (9). Vizcarra é acusado de ter recebido propina de construtoras reveladas através da operação Lava Jato. A decisão pelo afastamento foi adotada pelo parlamento peruano; foram contabilizados 105 votos favoráveis, 19 contra e 4 abstenções.

Apresentado por 27 congressistas, o pedido de impeachment contra o presidente protocolado depois que o jornal peruano El Comércio divulgou detalhes de uma investigação que tinha depoimentos de quatro delatores, que afirmaram a um promotor local que Vizcarra recebeu propinas na época em que foi governador do distrito de Moquegua, de 2011 a 2014. O processo foi aberto no dia 30 de outubro deste ano.

As denúncias contra Vizcarra são decorrentes da Operação Lava Jato, que, além do Brasil, teve desdobramentos em vários países da América Latina, onde empreiteiras brasileiras mantinham negócios. O presidente negou as acusações em diversas oportunidades, mas os parlamentares não aceitaram os argumentos.

Martín Vizcarra assumiu o cargo em 2018, depois que o então presidente Pedro Pablo Kuczynski renunciou ao cargo, também sob denúncias de corrupção. Durante o mandato, teve relação complicada com o Congresso. Em setembro de 2019, ele dissolveu o Parlamento, que era de maioria oposicionista. Em janeiro de 2020, promoveu eleições, mas a fragmentação não lhe deu força suficiente para sobreviver a dois pedidos de afastamento seguidos. Com o impeachment, a presidência será assumida pelo presidente do Congresso, Manuel Merino de Lama, até o fim da atual legislatura, em junho de 2021.

Denúncias

A investigação conseguiu provas de que um grupo chamado Clube da Construção pagou propina de US$ 300 mil, em 2014, a Vizcarra. Uma testemunha ouvida no inquérito afirmou que houve duas entregas de dinheiro diretamente ao atual presidente peruano. Os pagamentos seriam para obtenção de vantagens em licitações de obras públicas.

“Não há uma prova das acusações. Um processo de vacância desestabiliza o país. Estou certo de que o Congresso não vai cair no jogo de um grupo político que busca o caos”, disse Vizcarra à imprensa peruana nessa segunda. É um pouco anedótico porque estão se acostumando a fazer uma vacância por mês, não no Parlamento em seu conjunto, mas um grupo político”, destacou Vizcarra.

Em setembro, Vizcarra já enfrentou [e venceu] outro processo de impeachment por “incapacidade moral“. Os congressistas aprovaram a abertura do processo depois do vazamento de conversas do presidente.

Nas gravações, Vizcarra pede para que duas assessoras mintam em inquérito parlamentar sobre sua relação com o cantor e ex-assessor Ricardo Cisneros. O músico, conhecido como Richard Swing, é investigado por suposto favorecimento em contratos com o Ministério da Cultura.

Anvisa interrompe estudos da Coronavac após “evento adverso grave”; nenhum voluntário será vacinado

Apagão no Amapá enterra privatização da Eletrobras, dizem aliados de Alcolumbre