Foto: Romildo de Jesus
Por Quézia Silva
Durante um tempo a população brasileira e em específico, a baiana, precisou optar por consumir carne branca e peixes. O famoso prato bonito com arroz, feijão, salada e bife tornou-se raridade na mesa de muitos baianos. Isso porque a carne vermelha por muito tempo se tornou artigo de luxo, ou seja, o preço dela estava um pouco salgado. Se para quem ganha um salário mínimo no final do mês está complicado, imagine para quem não tem um emprego fixo. Com a alta no preço das carnes bovinas, a parcela da população que foi mais atingida é a de renda baixa. Afetando diretamente a alimentação saudável de milhares de famílias.
No entanto, os baianos já podem respirar aliviados, pois o preço da carne vermelha teve uma redução, ainda que um pouco tímida, mas teve. De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a carne bovina teve uma queda de 2,98%. Segundo o Instituto, no ranking das que tiveram maior redução no preço foram o músculo (-3,64%); contrafilé (-3,43%); alcatra (-2,67); acém (-2,4) e costela (-2,32%). Esses dados são referentes a pesquisa realizada em Salvador e Região Metropolitana. O aumento do abate bovino no país, desaceleração dos preços dos insumos para a criação do gado, a exemplo de ração e remédios e a redução da média de preços da arroba do boi para os produtores, segundo o IBGE, são alguns dos fatores que contribuíram para a queda nos preços dos cortes.
Mesmo com uma redução tímida, aos poucos o consumidor está voltando a comer carne | Foto: Romildo de Jesus
A supervisora técnica do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE), Ana Georgina Dias, aponta outro fato que também influenciou na deflação da carne bovina. “Se considerarmos os últimos doze meses, fevereiro/22 até fevereiro/23 temos uma queda acumulada da carne bovina de 2,98%. O que tem influenciado a redução no preço da carne nos últimos 12 meses é que ela tem sofrido altas muito grandes nos anos anteriores. Em 2020 e 2021 como teve uma alta muito significativa no preço da carne, isso levou a uma redução no consumo, tanto pela questão da alta acelerada de preços, quanto pelo fato da renda reduzida e a queda de grande parte da população”, explicou.
A carne vermelha finalmente está voltando à mesa dos soteropolitanos, mas aos poucos. Mesmo assim, algo imprescindível para todo consumidor é a pesquisa. Ir em dois ou três açougues e supermercados diferentes para comparar os preços e não sair perdendo. Realizando uma pesquisa em açougues pela capital, dentre as carnes que tiveram queda, é possível encontrar o quilo do acém a partir de R$14,95, o contrafilé de R$34,95 e a alcatra por R$36,95. Mas para quem deseja a famosa picanha, vai precisar aguardar um pouco mais.
Na fila, aproveitando a baixa nos preços das carnes estava Robenilson Silva. Ele conta qual tipo de proteína ele costuma levar para casa e compara os valores. “Geralmente eu compro toucinho e hoje comprei a paulista que ela está com um precinho mais ou menos. O quilo da paulista estava de R$36,00 a R$37,00, agora está em R$30,00. [O valor] não está aquelas coca-colas todas. Considerando que alguns países não estão mais exportando, era para estar mais barato, mas está melhorando aos poucos. Dá para fazer um churrasquinho. Só não está dando ainda para comprar a picanha prometida”, declarou.
Tribuna da Bahia