“Quando as abelhas desaparecerem da face da Terra, o homem tem apenas quatro anos de vida.”
Você pode agradecer a Apis Mellifera, mais conhecida como a abelha ocidental, para 1 em cada 3 garfadas que você vai comer hoje. As abelhas – que polinizam culturas como maçãs, mirtilos e pepinos – são a “cola que mantém funcionando o nosso sistema agrícola”, como escreveu a jornalista Hannah Nordhaus em seu livro de 2011 “Lamento do Apicultor”.
Mas a cola está se perdendo. Colmeias de abelhas estão morrendo ou desaparecendo graças a uma doença ainda sem solução chamada de transtorno do colapso da colônia (CCD), tanto que vários apicultores estão saindo do negócio, é o que informa edição de capa da revista Times neste mês de agosto. O físico Albert Einstein já disse: “Quando as abelhas desaparecerem da face da Terra, o homem tem apenas quatro anos de vida.”
A questão é: O que está matando as abelhas?
Pesticidas – incluindo uma nova classe chamada neonicotinóides – parecem estar prejudicando as abelhas, mesmo quando aplicados em níveis seguros. Ameaças biológicas, como o Ácaro Varroa estão matando colônias diretamente e fazendo se propagar doenças mortais. A Varroa é considerada a “AIDS das abelhas”, este vírus é provocado por esse tipo de ácaro “enfraquece as abelhas e torna-as susceptíveis a outras doenças”.
Outro fator é o grande surgimento fazendas com plantações de monocultura, calcadas na venda mundial de commodities como o trigo e o milho – plantas que fornecem pouco pólen para as abelhas obreiras – assim, as abelhas estão literalmente morrendo de fome.
Se não for feita alguma coisa, pode não haver abelhas suficientes para atender as demandas de polinização de culturas valiosos. Mas mais do que isso, em um mundo onde até 100.000 espécies são extintas a cada ano, o desaparecimento das abelhas pode ser o arauto de um planeta permanentemente menor, em termos de áreas habitáveis, do que é hoje.
O que aconteceria com a extinção – Sem abelhas, a cadeia alimentar teria obrigatoriamente de mudar, já que setenta por cento dos produtos frutícolas e hortícolas que a humanidade consome precisam das abelhas para o processo de polinização. Nos Estados Unidos, onde a praga se fez sentir, há apicultores que deixaram de produzir mel e passaram a prestar serviços exclusivos de polinização dos pomares. Ou seja, as colmeias são levadas para as zonas de onde estão naturalmente a desaparecer e operam uma polinização intensiva. Os serviços são pagos, encarecendo brutalmente o preço dos produtos alimentares.
As frutas seriam as primeiras a desaparecer. No caso das amêndoas, elas desapareceriam quase por completo, enquanto as maçãs e os pêssegos veriam um redução na casa dos oitenta por cento. cítricos como a laranja, o limão e a tangerina teriam uma redução de produção para menos de metade. Os frutos exóticos desapareceriam, as peras passariam a ser um produto de luxo. Depois, nas hortícolas, a extinção seria quase total. Sobreviveriam os cereais, cuja maior parte da polinização é feita pelo vento. Os legumes, esses, estariam condenados.
Um cenário de extinção alteraria toda a cadeia alimentar. O desaparecimento das frutas, dos legumes e das flores silvestres daria cabo de aves e herbívoros. Consequentemente, os carnívoros não teriam o que caçar e o homem perderia a maior parte dos seus recursos alimentares. O cenário traçado por Einstein pode parecer catastrófico à primeira vista, mas tem a sua razão de ser. As abelhas não estão só lutando pela sua sobrevivência. Estão também lutando pela nossa.
Revista Times e Jornal de Notícias
Veja o video como as abelhas fabricam mel: