Novas revelações sobre as ‘artimanhas’ supostamente utilizadas por um dos jornalistas da Record TV Itapoan para esquematizar o ‘golpe do pix’ foram feitas pelo delegado Charles Leão, titular da Delegacia de Repressão a Crimes de Estelionato por Meio Eletrônico (DreofCiber), que investiga o desvio de doações feitas durante apresentação do programa da emissora.
Indiciados pelos crimes de associação criminosa, lavagem de dinheiro e estelionato, os jornalistas Marcelo Castro e Jamerson Oliveira correm o risco de sofrer uma pena ainda maior, caso sejam condenados. Isso porque o crime de estelionato, supostamente cometido pela dupla, teria sido realizado contra pessoas vulneráveis.
Aparentemente, um dos jornalistas indiciados no caso tinha o costume de pedir para que as vítimas tomassem algumas atitudes ao vivo para poder aumentar as doações feitas via pix, que eram supostamente desviadas por ele.
O delegado Leão conta que, em um dos casos, o suspeito chegou a pedir que um jovem com hidrocefalia rastejasse no chão para possivelmente aumentar o número de doações dos telespectadores.
“Até me chocou bastante [o caso de] um jovem com hidrocefalia, que teve o triciclo roubado. Um jornalista convidou ele a se largar no chão e se arrastar para comover as pessoas”, conta o titular da DreofCiber, que reforçou a necessidade que as vítimas tinham de receber as doações, por conta da situação de vulnerabilidade.
Leão ainda relembrou que os jornalistas Marcelo Castro e Jamerson Oliveira foram indiciados por três crimes: estelionato, associação criminosa e lavagem de dinheiro, sendo que o estelionato tem uma pena maior quando cometido contra idoso ou pessoa em situação vulnerável.
“O estelionato contra idoso ou vulnerável, a pena aumenta 1/3 ao dobro. A lavagem de dinheiro temos três a 10 anos. Associação criminosa é de 1 a três anos. Mas, claro, é apenas uma perspectiva enquanto delegado de polícia. Só se pode falar efetivamente da pena o dono disso, o senhor juiz”, finalizou o delegado.
Joilson César/BNews
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Apontada como investigada, jornalista contesta delegado e desabafa: “Tentando manchar minha imagem”
A jornalista Daniela Mazzei, ex-repórter da Record TV Itapoan, contestou, nas redes sociais, nesta terça-feira (20), a fala do delegado Charles Leão, titular da Delegacia de Repressão a Crimes de Estelionato por Meio Eletrônico (DreofCiber), que declarou que ela estaria na condição de investigada no caso do ‘escândalo do Pix’. Ele investiga o desvio de transferências via Pix feitas através de doações durante o programa Balanço Geral, da emissora.
“Jogaram no título que eu tinha virado alvo, estaria sendo investigada em relação ao escândalo do pix, e eu digo aqui, sem medo de botar minha cara, que isso é uma mentira. Eu prestei depoimento na delegacia assim como os demais funcionários da Record TV Itapoan. Não estive lá como uma investigada, e sim, como os demais colegas da emissora que foram ouvidos também”, declarou a jornalista em um vídeo publicado em uma rede social.
A noiva do indiciado Marcelo Castro ainda afirmou que os jornais estariam “tentando manchar” sua imagem por ela ser mulher. “Nitidamente estão tentando manchar a minha imagem por eu ser mulher. Eu repudio esse tipo de gente e de jornalismo”, escreveu.
Durante coletiva realizada nesta terça (20), na sede da Polícia Civil, em Salvador, o delegado Charles Leão declarou que a ex-repórter passou a ser tratada como uma investigada por ter utilizado o cartão de crédito do seu noivo Marcelo Castro, um dos indiciados no caso do escândalo do pix.
“Ela me trouxe o fato que a viagem que ela fez foi paga através do cartão do jornalista. Isso me traz a necessidade de se investigar isso, traz ela para dentro do procedimento para a qualidade de investigada. Não indiciada, ainda”, declarou o titular da DreofCiber.