Por Hieros Vasconcelos Rêgo
O novo boletim do Observatório de Saúde na Infância da Fiocruz (Observa Infância) trouxe dados preocupantes: apenas 11,4% das crianças entre seis meses e cinco anos foram vacinadas com ao menos duas doses da vacina contra a Covid19 no Brasil. A taxa representa pouco mais de 5,29 milhões de dose aplicadas, sendo que a população estimada nessa faixa etária no país é de 13.122.252 crianças.
Na Bahia, a situação também é motivo de preocupação para especialistas. Segundo a Secretaria de Saúde do Estado (Sesab), somente 94.676 crianças de seis meses a 4 anos foram vacinadas com a segunda dose, sendo que o público alvo estimado nessas idades é e 899.426 pequenos e pequenas.
O Observa Infância mostra ainda o Brasil registrou, entre 1º de janeiro e 11 de julho de 2023, 80 óbitos de crianças de até 4 anos. Desse total, 23 foram de crianças entre 1 e 4 anos, o que representa uma média de aproximadamente 1 óbito semanal neste grupo etário.
A coordenadora do Programa Estadual de Imunizações (DIVEP/Sesab), Vânia Rebouças, afirmou que a baixa vacinação de crianças da Bahia na faixa etária do boletim do Observa Infância é realmente alarmante e acredita que, dentre os motivos, as fakenews estão na lista.
“O quadro é semelhante ao cenário nacional. Tivemos grande divulgação de fakenews que prejudicou muito a adesão principalmente da parte dos pais”, conta.
Segundo ela, a cobertura vacinal está muito aquém do esperado e é preciso avançar urgentemente em reação a essa atualização, principalmente nas crianças de seis meses a cinco anos. “Em relação às faixas etárias, a infantil é que possui menor cobertura. Diante disso temos os riscos de casos graves de Covid19 nessas crianças”, acrescenta.
Os dados do Observa Infância, segundo o coordenador do Observatório, Cristiano Boccolini, precisam ser levados a sério Ele explica que vários fatores impactam os baixos índices de vacinação. “A demora para a compra de vacinas, informações falsas de que as crianças não sofrem com a forma grave de Covid-19 ou que há falta de segurança e eficácia da vacina, são alguns desses fatores”, destaca.
Também coordenadora do Observatório, Patrícia Boccolini, do Centro Arthur de Sá Earp Neto (Unifase), sugere que “gerencialmente, as unidades de saúde têm que aproveitar as crianças que comparecem para o esquema vacinal regular e aplicar também a vacina contra a Covid-19, além de ampliar os horários dos postos de saúde e/ou oferecer pontos de vacinação móveis, como em metrôs e shoppings por exemplo”.
Tribuna da Bahia