Ruan do Nascimento, de 27 anos, baleado na Barreira do Vasco — Foto: Reprodução Redes Sociais
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Uma pessoa negra foi morta pela polícia a cada 4 horas em oito estados do país no ano passado, diz pesquisa

De 3.171 registros de morte com a cor da vítima declarada analisados pelos pesquisadores do estudo ‘Pele Alvo: a bala não erra o negro’, pretos eram 2.770 pessoas, ou 87,35% dos mortos.

Um estudo divulgado nesta quinta-feira (16) mostra que 1 pessoa negra foi morta por intervenção policial a cada 4 horas em 8 estados do país no ano passado. A pesquisa é da Rede de Observatórios, com base em dados divulgados pelas secretarias de segurança pública por meio da Lei de Acesso à Informação (LAI).

De 3.171 registros de morte que tinham a cor da vítima declarada analisados pelos pesquisadores do estudo “Pele Alvo: a bala não erra o negro”, pretos eram 2.770 pessoas, ou 87,35%.

subnotificação da informação racial dos mortos por intervenção policial chamou a atenção dos pesquisadores. Das 4.219 ocorrências vistas por eles, 1 em cada 4 não tinha a informação sobre cor.

São Paulo

 

O estudo mostra que, no Estado de São Paulo, houve uma redução de 48,32% no número de mortes: foram 867 vítimas em 2021 e 419 no ano passado. Destas, 63,90% são negras.

Os pesquisadores atribuem uma queda tão grande a uma política de redução da letalidade aliada ao uso de câmeras corporais.

A capital paulista representa 37,47% do total de casos, com 157 mortes. Santos é a segunda cidade com o maior número de casos, com 16 vítimas.

Subnotificação

 

A pesquisa da Rede de Observatórios destaca que a letalidade da população negra em casos de violência policial pode ser maior do que a divulgada por conta da subnotificação e pela falta de detalhes sobre raça que, de acordo com os estudiosos, acontece principalmente em três estados: Maranhão, Ceará e Pará.

De acordo com o estudo, o Maranhão não inclui esses dados pelo menos desde 2020. No Ceará, os registros foram feitos em apenas 30,26% do total. No Pará, em 33,75%.

No Ceará, ficou constatado que em 69,74% das 152 mortes não foram identificadas informações sobre cor. Nos casos em que o dado foi registrado, 80,43% das mortes foram de pessoas negras, e sete de cada dez vítimas tinham entre 18 e 29 anos.

No Pará, a informação sobre raça foi omitida em 66,24% das vítimas. Mas, entre os casos em que é identificada, as pessoas negras representam 93,90% das mortes por intervenção policial.

A capital, Belém, tem o maior número de mortes por intervenção policial, com 83 casos, seguida pela cidade de Parauapebas, com 41.

Vítimas jovens

Em Pernambuco, dos 87 homicídios por intervenção policial foram registrados. Todos os mortos em Recife no ano passado eram negros. A idade chamou a atenção dos pesquisadores pois, 67,03% das vítimas no estado tinham idade entre 12 e 29 anos.

No Piauí, Teresina teve mais da metade das mortes por ação de policiais no estado. Em todo o território piauiense foram 39 mortes analisadas pelo estudo e 22 delas (56,41%) na capital.

No total das mortes, 88,24% eram negras.

g1

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