Felipe Cunha encontrou na Bahia, em Ibicoara, na Chapada Diamantina, o terroir ideal para a produção de queijos artesanais com características únicas.
A produção no Rancho Kûara é marcada por um forte apego às tradições e ao modo de fazer familiar. “Nós não usamos nenhum insumo laboratorial em nosso trabalho, a única coisa que usamos que nos é exigido por lei é o coalho (uma pena). O fermento utilizado é o kefir, e os mofos provêm tanto do kefir quanto do terroir local. A sala de maturação foi projetada para minimizar a intervenção tecnológica, construída com tijolos de adobe, que garantem isolamento térmico e controlam a umidade naturalmente. Somos adeptos ao pensamento de David Asher, que valoriza a individualidade de cada peça de queijo. Acreditamos na menor intervenção possível, permitindo que o queijo expresse sua verdadeira personalidade”, diz Cunha.
Os desafios enfrentados pelos produtores de queijo artesanal na Bahia, segundo Felipe, são numerosos, mas o principal é a legislação. “A legislação não nos contempla. É muita lei, muita normativa e pouca eficiência burocrática. Defendo que as leis deveriam ser adaptadas às escalas de produção, com regras específicas para diferentes volumes de leite processado”, argumenta Cunha. E finaliza, lembrando que “o nosso trabalho é apresentar o queijo artesanal ao mercado local, que ainda é pouco explorado, e ver a curiosidade das pessoas, muitas das quais nunca tiveram a oportunidade de experimentar. O mercado internacional é competitivo e exige seriedade; por isso, precisamos fazer o dever de casa primeiro”, conclui.
Autora: Erika Ventura
Fonte: Revista Mais Leite