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Mais de 35 mil agressões contra idosos são registradas

Na Bahia, o cenário também é desolador. Com 13,62% de sua população nessa faixa etária – ou seja, quase 2 milhões de pessoas -, o estado baiano registrou, somente este ano, 35.386 casos de agressões, sendo 3.993 denúncias efetivadas

Hoje, dia 1º de outubro, se celebra o Dia Nacional e Internacional da Pessoa Idosa, no entanto, para boa parte desse público não existe o que se comemorar. Apesar do Brasil ter 10,9% da população com 65 anos, conforme o último Censo Demográfico do IBGE, dados divulgados pelo “Disque 100”, responsável por receber denúncias de agressão contra idosos, mostram uma realidade triste: somente no primeiro semestre de 2024, mais de 74 mil queixas chegaram ao Ministério dos Direitos Humanos, aumento de 14% em relação ao primeiro semestre de 2023.

Na Bahia, o cenário também é desolador. Com 13,62% de sua população nessa faixa etária – ou seja, quase 2 milhões de pessoas -, o estado baiano registrou, somente este ano, 35.386 casos de agressões, sendo 3.993 denúncias efetivadas, conforme os dados do Painel de Dados da Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos. Dentre os casos de agressão, o MDH destaca maus-tratos, exploração sexual e até tráfico de pessoas. Especialistas ressaltam que a quantidade de agressões pode ser ainda maior, devido ao alto número de subnotificações.

A capital baiana, por sua vez, registrou 9.857 casos de violações dos direitos humanos dos idosos neste ano.De acordo com o Ministério de Direitos Humanos, estes dados revelam uma ausência de políticas públicas fundamentais para dar ao idoso uma vida digna e de qualidade. “Envelhecer, quando não se é pobre, realidade da maioria dos brasileiros, é algo muito triste e humilhante. Muitos idosos são abandonados à própria sorte por conta de diversas doenças, como Alzheimer, demência, dentre outras. É muito sofrimento”, afirma a assistente social e cuidadora de idosos, Adriana Mendes.

Em junho, quando se destacou o Dia Mundial da Conscientização da Violência Contra a Pessoa Idosa, especialistas na Bahia dialogaram sobre o desafio que é buscar estratégias para um envelhecimento mais saudável.

“A nossa população idosa dobrou nos últimos 12 anos e fomos até a França para conhecer os programas franceses. São iniciativas interessantes e importantes para a gente, já que a França tem uma porcentagem de idosos em sua população bem semelhante a nossa, atualmente. Com essas informações e experiência, vamos planejar ações para atender os nossos idosos ainda melhor”, explicou à época, a secretária de saúde do Estado, Roberta Santana, ,que viajou a convite da Agência Francesa de Desenvolvimento (AFD), a Paris, onde pode conhecer experiências internacionais sobre o envelhecimento da população.

Data – No Brasil, a data 1º de outubro (Dia Nacional e Internacional da Pessoa Idosa) é um instrumento para lembrar, também, a urgente necessidade de executar com veemência o que demanda o Estatuto da Pessoa Idosa, de 2003, e a Política Nacional do Idoso (PNI) de 1994.

“Os poderes públicos, os parlamentos, a iniciativa privada, precisam enxergar pessoas idosas desde o ventre materno, ou seja, a população precisa ter amparo social para alcançar um envelhecimento bem sucedido, autônomo, funcional e robusto”, diz a assistente social.

 

Ausência de Instituições de Longa Permanência é problema no país

O Brasil, com maior parte da população com poucas condições financeiras, precisa de diversas políticas públicas para a pessoa idosa, entre elas as que criam as Instituições de Longa Permanência para Idosos (ILPIs) com qualidade.

“Abandonam seus pais, tios, avôs em qualquer lugar, sob qualquer jeito. Muitas vezes porque não tem condições financeiras. AS ILPIs são alternativas necessárias para o cuidado com a pessoa idosa, em casos em que as famílias não tem condições, e precisam ser urgentemente melhoradas”, acrescenta a assistente social.

Pesquisa – A pesquisa Denúncias de Violência ao Idoso no Período de 2020 a 2023 na Perspectiva Bioética, divulgado em junho deste ano, apontou que as ocorrências de agressões contra idosos tiveram aumento de quase 50 mil casos em 2023 na comparação com o ano anterior. Um aumento assustador para pesquisadores. De 2020 a 2023, as denúncias notificadas chegaram a 408.395 mil, das quais 21,6% ocorreram em 2020, 19,8% em 2021, 23,5% em 2022 e 35,1% no ano seguinte.

Nas questões de gênero, as mulheres são mais suscetíveis à violência, uma consequência da desigualdade, intensificada com o envelhecimento. No período de 2020 a 2023, o sexo feminino respondeu por mais de 67% das denúncias notificadas. O número inclui aumento percentual no ano de 2022 equivalente a quase 70% dos casos registrados. “Esse também é um dado relevante porque as mulheres alcançaram um quantitativo de mais de 60% no período estudado, e isso se repetiu em 2024, o que só vem confirmar que a mulher tem também situação de vulnerabilidade”, afirmou a professora Alessandra Camacho, da Escola de Enfermagem da Universidade Federal Fluminense (UFF) e do Programa Acadêmico em Ciências do Cuidado da UFF.

 

Agência Brasil

 

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