in

A vontade de Bolsonaro é dar um golpe militar no país, diz Otto Alencar

Por Rodrigo Daniel Silva

O senador Otto Alencar (PSD) afirmou, ontem, que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) tem “vontade” de dar um “golpe militar” no país. Bolsonaro tem dito aos apoiadores que podem contar com as “Forças Armadas pela democracia e pela liberdade”. Em tom de ameaça aos governadores, que têm adotado medidas restritivas para atenuar a disseminação do coronavírus, o chefe do Planalto afirmou ainda que “estão esticando a corda” e que faz “qualquer coisa pelo meu povo”.

“No íntimo dele, no espírito ditatorial que tem o presidente, há a vontade de um golpe militar, de um retrocesso na democracia, eu não tenho a menor dúvida que esse é o sentimento dele. Se a situação caminhar para um caos que pode acontecer na economia, na insubordinação social pela fome e pela miséria que está acontecendo, ele pode dizer que estava certo e que a solução é chamar o Exército. Vai ser uma situação muito grave porque tem uma reação não só de parte da sociedade, mas também uma forte reação dos governadores dos estados. Acho que ele não tem dois governadores em sintonia com ele. Talvez os do Norte, mas muitos já deixaram o barco”, avaliou Otto Alencar, em entrevista à rádio Metrópole.

Otto afirmou ainda que a pandemia virou uma “muralha de proteção” a Bolsonaro, e defendeu que o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM), instale a CPI da Covid-19. “Pelo menos, a instalação dela seria importante. Não há como não ter responsabilidades aqueles que são culpados pela expansão da doença no Brasil, e a culpa está desde o início da gestão do ministro (da Saúde, Eduardo) Pazuello e também nas responsabilidades que foram tomadas pelo presidente da República”, pontuou. “A maior muralha de proteção do presidente da República é a pandemia. É o sistema remoto. Se nós tivéssemos no Congresso Nacional, Câmara e Senado, nas sessões presenciais, a vida do Bolsonaro não seria uma folga como está aí não. A situação seria bem mais firme, a posição nossa. Mas quem está no sistema remoto é menor. Menor por quê? Porque a tribuna é que dá a condição à oposição, às comissões temáticas. Se não tivesse na presidência, a CPI da Covid já teria convidado Pazuello”, acrescentou.

Depois da morte do senador Major Olimpio (PSL-SP), vítima da Covid-19, parlamentares têm pressionado a Pacheco para abrir a comissão. Segundo a imprensa nacional, o democrata resiste à criação do colegiado, com o argumento de que o foco do Legislativo deve ser apresentar propostas para auxiliar no enfrentamento à crise sanitária. No momento, o que Pacheco considera viável é a formulação de um gabinete de crise com integrantes dos Três Poderes para que as ações do Executivo de combate à covid-19 sejam supervisionadas. Ele se comprometeu a conversar com o presidente Jair Bolsonaro sobre o assunto e, se possível, fazer uma primeira reunião.

Tribuna da Bahia

Fila de UTI para tratamento da covid-19 na Bahia cai 47% em uma semana

Bolsonaro: Vamos atacar o vírus, não o governo