Morro do Chapéu tem tantas atrações turísticas que não sabemos nem por onde começar esta reportagem. Com tradição histórica e cultural invejável, o município conta com duas filarmônicas: a Minerva, fundada em 1906, pelo Coronel Dias Coelho, e a Lira Morrense, de 1984. Toda sua extensão é rica em belezas naturais: são cachoeiras, grutas, sítios históricos e arqueológicos de tirar o fôlego, além de clima privilegiado com uma temperatura média anual de 20° C, chegando a 8 ° C graus em períodos de inverno, entre abril e agosto.
Mas todo este potencial turístico só tem sido valorizado agora. Morro do Chapéu tem voltado para o mapa do turismo da Bahia graças ao empenho da nova gestão municipal, que, de janeiro deste ano para cá, criou, por exemplo, o Conselho e Plano municipais de Turismo, além de ter realizado reabertura de trilhas, roteiro enogastronômico sensorial e cadastramento das redes de guias, hotelaria, táxis, bares e restaurantes.
“Nosso principal desafio enquanto gestão é que nós encontramos uma secretaria completamente vazia, sem nenhum projeto, pronto ou em andamento. Morro do Chapéu não havia cadastramento de guias e nem o quantitativo de leitos de hotelaria. Esse início de gestão foi de organização”, destacou o secretário de Cultura, Turismo, Esporte e Lazer (SECULTE), Maurício Sodré.
Com o mapeamento turístico pronto e documentação praticamente 100% finalizada para retorno ao Mapa do Turismo, a Prefeitura de Morro do Chapéu se prepara para sinalizar os pontos de visitação com novas placas com padrão internacional, além da criação do mapa com os principais roteiros do município e abertura do Centro de Atendimento ao Turista (CAT), com atendimento de domingo a domingo, na Passarela das Flores, no centro da cidade.
Ainda no primeiro trimestre de 2022, uma rota de aventura também será lançada, com atividades esportivas como rapel, ciclismo e voo livre.
“O objetivo principal da Secretaria Municipal de Comunicação, que foi criada nesta nova gestão, é fomentar o turismo, para que o mundo conheça as belezas e os encantos de Morro do Chapéu”, declara Isabele Neri Navarro, secretária de Comunicação do município.
Com toda esta atenção ao turismo, o que nos resta é arrumar as malas e desbravar Morro do Chapéu, lugar marcado também pelo povo hospitaleiro e pelas orquídeas, copos-de-leite e margaridas, que adornam residências e praças deste paraíso ainda pouco explorado na Chapada Diamantina.
MORRÃO
Lugar que tem formato de chapéu e dá nome ao município, o Morrão é o ponto mais elevado da região – com cerca de 1.300m de altitude. Para chegar lá, basta seguir pela rodovia BA-144, no sentido Utinga, e depois seguir por cerca de 7 km por duas estradas de terra secundárias, na direção das altas torres de TV, rádio e telefonia celular.
Vista do Morrão, ponto mais elevado da região, com cerca de 1.300m de altitude
O carro pode ser deixado ao lado das torres e ali tem início uma trilha curta, por meio de vegetação alta, que conduz ao acesso para o topo do morro. A escalada não é difícil. Da parte mais alta da rocha se tem uma magnífica e ampla vista de toda a região, com cataventos de algumas usinas eólicas que dão um charme a mais na paisagem. Um passeio rápido e imperdível. Se tiver um dia ensolarado, a dica é ir para assistir ao pôr do sol.
CACHOEIRAS E GRUTAS
A cachoeira mais próxima e de fácil acesso é a do Ferro Doido, que fica a cerca de 18 km do centro da cidade – depois é preciso andar cerca de 600 metros até a queda d’água. Para visitar o topo do lugar, não é preciso guia. Porém, é necessário muito cuidado. O seu ponto mais alto chega a alcançar 98 m de altura. Há também a opção de conhecer o ponto turístico por baixo. Neste caso, um profissional turístico nativo é indispensável.
O ponto mais alto da Cachoeira Ferro Doido pode chegar a 98 m de altura
Seguindo pela BA-052, no sentido Salvador, até a entrada do povoado Angelim, você pode chegar em mais duas excelentes opções de cachoeiras. Quando chegar na rotatória, que pela saída da esquerda segue para a Vila do Ventura, você pega a direita, no sentido ao povoado de Fedegoso, e segue cerca de 11 km para chegar até a Cachoeira do Agreste, formada pelo rio Jacuípe com duas quedas d’água: a primeira localizada a 24km da sede do município e com acesso de meia hora de caminhada e segunda a 2 km da outra, com necessidade de caminhar mais de uma hora para alcançá-la. No caminho, é possível apreciar dezenas de espécies de orquídeas, bromélias e aves.
Ainda na região do povoado Fedegoso, há a Cachoeira de Domingos Lopes, que também é uma queda d’água do rio Jacuípe. Por lá, as formações rochosas são interessantes nas margens, em meio a lagos e locais de muita beleza. Bromélias e orquídeas também podem ser avistadas no percurso. A queda d’água não é grande, mas ainda assim é muito bonita. O local é propício para banhos.
O município também é famoso por grutas, como a da Igrejinha, do Cristal e Boa Esperança. A mais famosa delas é a dos Brejões, que fica a cerca 163 km do centro da cidade, o que pode levar 2h30 de viagem. A caminhada é pesada e o acompanhamento de um guia local é indispensável. Ela é detentora da segunda maior boca de caverna do Brasil, com mais de 110m de altura e quase 8 km de extensão já mapeados. É um importante sítio paleontológico e arqueológico, além de ser bastante visitada por romeiros, por sua conotação religiosa.
TURISMO HISTÓRICO
Se você for em Morro do Chapéu, não deixe de ir à Vila do Ventura. O povoado reúne um patrimônio arquitetônico da época do garimpo, que hoje ilustram o apogeu e o declínio da atividade econômica na região. De lá, é possível conhecer, por exemplo, a Cachoeira do Ventura (6 km de caminhada), a Barriguda – lugar para banho que possui uma árvore com nome homônimo -, e as tocas da Figura e do Pepino, que pertencem ao sítio arqueológico Cidades das Pedras, uma área de grande afloramento de arenitos, com curiosas formas e um belo conjunto de pinturas rupestres.
Conjunto de pinturas rupestres atrai o turismo turístico científico para Morro do Chapéu
Poucas famílias moram na Vila do Ventura, que começa a receber estrutura turística, como camping, pousadas e restaurantes. O professor de história, Marcos Gonçalves, mora há 10 anos na cidade fantasma, como é popularmente conhecida a vila. Ele, que recebe turistas ocasional- mente em cinco quartos da sua casa, conta que o turismo, apesar de ainda pouco explorado, tem crescido na região.
“Na Vila do Ventura chega muito o turismo científico, geralmente formado por grupos maiores e também por estudantes de universidades, e tem, ainda em menor quantidade, o turismo regional, que vem de Irecê e Jacobina, por exemplo. Eles vêm conhecer a cachoeira, a barriguda, mas sobretudo visitar um lugar que é inusitado”, conta Marcos Gonçalves.
TURISMO MÍSTICO
Além de turistas, Morro do Chapéu também recebe visitas extraterrestres. Quem afirma isso é Alonso Régis, de 80 anos, ufólogo pernambucano que mora há quase quatro décadas na cidade. Ele, que recebeu a equipe do CORREIO em sua casa, conta que o município é um dos principais sítios ufológicos de grandes atividades no Brasil e que seu primeiro registro de OVNI – objeto voador não identificado – é de 1892.
“A nossa conclusão hoje é que Morro do Chapéu é uma base de pesquisa que os extraterrestres selecionam no planeta Terra. Eles, geralmente, escolhem locais isolados, montanhosos, que geralmente tem grutas e cavernas”, compartilhou Alonso Régis, que já fez mais de 20 registros no Centro Brasileiro de Pesquisas de Discos Voadores (CBPDV) sobre atividades extraterrestres em Morro do Chapéu.
Mas não é só o ufólogo Alonso Régis que é testemunha de fenômenos estranhos no céu. Diversos moradores do município relataram ter visto ou ouvido falar de casos de aparições extraterrestres. O mais famoso deles é o de 30 de novembro de 1994, quando uma luz forte e uma onda de calor teriam surgido na escuridão de uma rua da cidade de Morro do Chapéu.
O ufólogo Alonso Régis mora há 38 anos na cidade e já registrou mais de 20 atividades extraterrestres na região
Não é por menos que um disco voador está no centro da cidade para ser a atração principal da Praça do Cristal, que será inaugurada pela prefeitura em março de 2022. Trata-se de uma réplica do objeto parecido com o que o ufólogo Alonso Régis teria avistado aos 12 anos de idade, que foi doado por ele mesmo para a gestão municipal.
Disco voador será atração principal da Praça do Cristal, que será inaugurada em março de 2022
“Eu me sinto super feliz com essa praça. Isso é o melhor reconhecimento que poderia vim para mim. Essa é uma obra que fiz sem pretensão e, de repente, uma coisa dessa aconteceu. Aqui já se passaram tantos prefeitos e até hoje nunca nenhum tinha ligado para este trabalho. Inclusive, o disco voador estava condenado a ser demolido, mas agora foi transportado com muito profissionalismo até o centro da cidade”, comemora Alonso Régis.
CIDADE ILUMINADA
Morro do chapéu ganhou também uma decoração natalina, que tem iluminado e deixado a cidade ainda mais bonita. Com atrações musicais no fim de semana, o Natal Iluminado tem atraído moradores de cidades vizinhas e movimentado o comércio local. “Esta é a primeira vez que temos uma decoração de natal na cidade. As pessoas estão voltando a ter orgulho de Morro do Chapéu. A decoração de natal está agradando as crianças e os senhores. E a programação, que é todo final de semana, conta com artistas locais, que é uma forma de valorizar a arte da terra, especialmente depois de um período difícil de pandemia”, destaca a prefeita Juliana Araújo.
Natal iluminado de Morro do Chapéu tem atraído turistas para a cidade
Reportagem do Jornal Correio 24 horas por Kirk Moreno .